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Moradores do Complexo do Alemão participam da Batalha dos Barbeiros Brasil

Competição chegou a sua penúltima etapa antes da grande final 2020

Neste domingo (25), a quadra da Vila Olímpica Carlos Castilho teve um dia diferente do habitual: invés de bolas rolando, foram máquinas, tesouras e navalhas que protagonizaram as ações. Após passar pela Cidade de Deus, a Batalha dos Barbeiros Brasil foi realizada no Complexo do Alemão, na penúltima fase antes da grande final – a última será em Campo Grande, no próximo domingo (01/11). A ocasião serviu para animar os barbeiros locais como Raí da Silva, de 27 anos e morador da Alvorada, que ressalta a importância de um evento assim na região.

É uma sensação de responsabilidade, porque é a primeira vez aqui no Alemão. Uma experiência muito boa. Eu sempre participo em outros lugares, gosto da adrenalina, ganhando ou perdendo. As competições reúnem barbeiros de outros bairros, até de fora do Rio de Janeiro. Tenho a oportunidade de conhecer e ver barbeiros que são referência para mim e dar combustível para quem me admira. A nossa classe é muito unida, um ajuda e admira o outro“, relata Raí, que trabalha com cortes de cabelo há nove anos.

Raí da Silva na Batalha dos Barbeiros / Foto: Guilherme Oliveira (@original_zn)

A união dos barbeiros locais foi um dos pontos levantado por Levy Belmonte, de 23 anos, morador da Nova Brasília. Profissional há quatro anos, ele já acompanhava as competições antes mesmo de ser barbeiro.

(Ver a competição) é uma experiência maneira. A profissão evoluiu muito, os brasileiros estão se superando cada vez mais. Comecei a cortar porque o Carlos indicou os cursos. Comecei a cortar na minha laje, tinha poucos clientes. Mas é um ajudando o outro, ainda mais no morro. Os barbeiros são todos amigos. Trabalhei com os amigos durante algum tempo e, há 8 meses, tenho a minha barbearia“, revela Levy.

Barbeiro Levy Belmonte / Foto: Guilherme Oliveira (@original_zn)

A primeira vez e o primeiro título

Inspirador do Levy, o barbeiro Carlos Alberto, de 20 anos, também fundou a barbearia “Fábrica de Réguas“. O jovem morador da Nova Brasília começou a cortar cabelos aos 14 anos e aprendeu vendo vídeos no Youtube.

Meu pai tirou foto minha cortando o cabelo do meu primo e várias pessoas comentaram. Então comecei a ver muitos vídeos. Depois de dois anos que fui fazer um curso, lá no Jacarezinho. Aprendi a fazer pigmentação, corte com tesoura. Já tive barbearia na Fazendinha, no Ladeirão e agora estou no Loteamento há um ano. O Raí e o Isaac me inspiraram muito para representar a comunidade. Eu esperava participar de competições somente ano que vem, mas agora quero vir mais vezes. Fiz um corte do Jaca, que é o que mais pedem. O corte padrão da favela“, afirma Carlos, que fez sua primeira participação na Batalha.

Barbeiro Carlos Alberto / Foto: Guilherme Oliveira (@original_zn)

Competidor na Cidade de Deus na semana passada, Luiz Felipe, de 28 anos, também participou da edição do Alemão. O barbeiro saiu mais uma vez de Magé e, na segunda participação na Batalha dos Barbeiros Brasil, levou o título de melhor corte de desenho.

Obrigado pela força da minha família. Essa vitória é por eles, por Magé“, declarou Luiz.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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