“Eu acho esse caminho muito ruim, precisa melhorar muito! Eu não posso sair de casa quando quero, fico o tempo todo trancada. É de casa para a escola e da escola para casa… Isso quando não chove. Sempre que chove tenho que faltar aula”, conta Yasmin Coutinho, moradora da Travessa Laurinda, que fica localizada na Central, no Complexo do Alemão.
Lixo, esgoto, desnivelamento, mato e muitos insetos. Esse é o caminho que a jovem de 19 anos, diagnosticada com desequilíbrio de tronco percorre diariamente.
“Quando eu morava em outra casa eu saia, visitava minhas amigas, aqui eu fico presa. Assim que nos mudamos para cá e ví esse lugar pela primeira vez fiquei com medo. Foi horrível”, completa.
Sem a ajuda da mãe, Yasmim não consegue atravessar parte da escada que cruza o caminho e conta que já passaram por situações complicadas juntas. “Uma vez eu e minha mãe caímos aqui de costas no chão. Estava chovendo muito e o chinelo fez a gente escorregar. O teleférico era uma grande ajuda, eu pegava ele aqui na frente e poucos minutos já estávamos em Bonsucesso, onde pego um ônibus até Botafogo para fazer meu tratamento. Depois que acabou o teleférico, ficamos na mão! Um deputado entrou em contato comigo tem duas semanas, disse que queria ajudar e depois que eu falei para ele que eu não voto, ele nunca mais apareceu. Estamos abandonadas aqui!”, lamenta a jovem, que é aluna do Programa de Jovens Aprendizes (PJA).
Para cuidar do espaço e melhorar a qualidade de vida no local, os vizinhos se unem para realizar um mutirão de limpeza, mas comentam que não é suficiente e pedem ajuda para que a prefeitura olhe com mais cuidado para essa parte da favela.
Maria da Conceição tem 43 anos e é mãe de dois filhos, entre eles um bebê de 2 anos que ainda precisa ser carregado no colo. “Os moradores mesmo jogam lixo aqui, ninguém assume. Acho que devemos manter a limpeza e pedimos há anos que algum órgão público venha nivelar a escada e fazer uma rampa, uma obra decente. Eu me sinto muito mal, estou morando aqui há 15 anos e sempre foi assim. É um lugar que está abandonado”, comenta a dona de casa.
“É difícil para descer com compra, com gás e com nossos móveis. Comprei uma máquina de lavar roupas e não consegui levar até em casa. Meu marido teve que carregar nas costas e quando chegou lá em baixo, a parte se abriu e arranhou toda. Moro aqui tem cerca de 18 anos e é sempre um sofrimento passar por esse tipo de situação. Imagina nas condições da Yasmin?” – questiona Luciana Carvalho, vizinha da jovem.