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Moradores da Poesi afirmam ouvir estalos frequentes na estrutura do prédio

De acordo com os residentes, o material ruim das calhas e erros no projeto dos prédios do condomínio Poesi são retrato do descaso da EMOP. Fotos: Emilly Roberta/Voz das Comunidades
Condomínio da Poesi. Foto: Emelly Roberta/Voz das Comunidades

Condomínio do PAC com problemas estruturais está em estágio crítico no Complexo do Alemão

Os prédios do Condomínio da Poesi, localizado na Estrada do Itararé, no Complexo do Alemão, foram entregues aos moradores pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em 2011 e em meados de 2013 começaram a apresentar problemas estruturais. Responsável pelo projeto e apesar de ter sido chamada, a EMOP (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro), ainda não ofereceu soluções para resolver o problema. Desde então, moradores enfrentam infiltrações nos apartamentos, goteiras pelos corredores e o medo sempre que são ouvidos estalos na estrutura do prédio.

O Sonho virou pesadelo


Após as desapropriações promovidas pelo PAC em 2011, os moradores de diversas partes do Complexo do Alemão, em sua maioria, de áreas de risco, foram remanejados para condomínios, entre eles o Poesi. Contudo, o que deveria ser um alívio para essas famílias se tornou uma grande decepção. Paredes descascadas pela humildade, azulejos estufados, cheiro de mofo por conta da umidade, pingueira durante as chuvas estão entre os problemas enfrentados pelos moradores.

Para dona Fátima, residente de um dos prédios, a chuva e ventos fortes são sinônimos de risco. Na tentativa de sanar o problema, ela e o marido já fizeram diversas reformas na cobertura do prédio, mas os paliativos não foram suficientes para os tornarem livres da situação.

“Não deu nem dois anos de construído e, quando chovia a parede já escorria água. Reformamos o banheiro e o azulejo está estufando, a umidade deixa tudo horrível. Para diminuir a infiltração eu já consertei a telha e limpei meu lado da calha, mas continua entrando água”, comenta.

O sentimento é de medo

O bloco 4 é o mais afetado, mas os moradores de todo o condomínio tem reclamado de infiltrações. De acordo com os residentes, o material ruim das calhas e erros no projeto dos prédios do condomínio Poesí são retrato do descaso da EMOP. Já que outros condomínios construídos pelo PAC, com o mesmo projeto arquitetônico e no mesmo período, não enfrentam esse problema.

Segundo os proprietários, a Defesa Civil esteve no local e alegou que há risco da infiltração atingir o sistema elétrico, causar curto circuito nos eletrodomésticos dos apartamentos. Além disso, ainda segundo moradores, o órgão teria dito que há possibilidade de colapso da estrutura com o tempo.

Nossa equipe entrou em contato com a Defesa Civil do município para maiores esclarecimentos e, em nota, afirmaram que houve uma visita ao local no dia 16 de maio de 2019. Nessa visita, a Defesa encaminhou o caso para a EMOP, já que foi averiguada a necessidade de reparos.

Dessa forma, quem mora no local afirma que o medo é o grande vizinho que atormenta todas as famílias. “A Defesa Civil informou que poderia entrar em curto, por que a infiltração iria chegar ao sistema elétrico, como está acontecendo agora, precisamos até colocar um balde embaixo da lâmpada do corredor, que fica pingando mesmo sem chuva”, lembra uma moradoras do 4° andar.

Os riscos à saúde

Dona Fátima afirma que ao ter uma doença grave, o marido não pode ficar no prédio. “Quando meu marido teve câncer ele não ficou aqui, ficou na casa da minha filha, mas o que eu tenho agora é um pavor de chuva e ventos fortes.”

Além da ameaça estrutural, os moradores do Poesi ainda enfrentam o mofo causado pela umidade, o qual é extremamente prejudicial a saúde. Especialistas afirmam que podem ser transmitidas através dele, bactérias que causam infecções e, também, piorar doenças do sistema respiratório, como: bronquite, sinusite e asma. Ainda segundo especialistas, os esporos liberados pelo mofo são piores para crianças, idosos e mulheres grávidas e, a longo prazo, podem causar doenças em pessoas saudáveis. O que é um risco real para os moradores do condomínio.

Em entrevista, moradores contam que estalos são ouvidos com frequência. Fotos: Emilly Roberta/Voz das Comunidades

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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