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É tempo de brincar com o Contra Bando de Teatro!

Mesmo sem patrocínio, grupo de teatro dá aulas e faz apresentações gratuitas no Alemão

O grupo Contra Bando de Teatro é formado por ex alunos do AfroReggae e surgiu assim que a ONG saiu do Complexo do Alemão se estabelecendo em 2014 com o espetáculo “Nada me aflige”, que foi muito bem recebido pelo público. O fim do núcleo foi a partir de ameaças, mesmo com os problemas, o grupo não se deixou abalar e resistiu: “A violência não pode vencer a arte, por isso somos resistência.”

O espetáculo ganhou indicações no festival de teatro FETAERJ – Paschoalino 2014 e foi indicado em várias outras categorias como: Direção, Maquiagem e Melhor Espetáculo, recebendo o prêmio especial do Júri por Unidade de Elenco. “Contra Bando de teatro e outras patifarias” era o nome inicial da trupe, de acordo com Nilda Andrade, responsável pela equipe, o nome “Contra Bando de Teatro” é justamente o que o grupo tem feito – Contrabandear arte para não sofrer represálias.

Idealizado pelo diretor Mauro Marques, a equipe é formada por Marcos Carolinno, Mariah Salvatore, Pedro Rodrigues, Nilda Andrade e Vanessa Rocha, atores ativos, e contam com o apoio de outros artistas.

O objetivo é fazer teatro independente de qualquer coisa, a primeira peça foi um espetáculo adulto e agora sentem a necessidade de criar um trabalho voltado para o público infantil. Com isso, criaram a peça “É tempo de brincar”, que se iniciou com apenas uma cena e a equipe já está finalizando um espetáculo completo.

O Contra Bando atualmente não cobra cachê, e sim, uma ajuda de custo com transporte e alimentação. Nilda diz que a divulgação do trabalho é importante é está rendendo apresentações fora do Alemão. “Ninguém recebe nenhuma ajuda financeira e também não imaginamos que seriamos tão procurados. A relação do Contra com o Complexo esta sendo melhor do que o imaginado. Os pais dos alunas nos param na rua, falam com a gente. A relação é muito bacana. Nosso trabalho está rendendo popularidade fora do Alemão também.” – O grupo dá aulas de teatro de graça no CRJ (Centro de Referência da Juventude), na estação de teleférico do Alemão e esperam que até o ano que vem já estejam com um espaço fixo.

“É tempo de brincar” se iniciou com apenas uma cena e a equipe já está finalizando um espetáculo - Foto: Betinho Casas Novas
“É tempo de brincar” se iniciou com apenas uma cena e a equipe já está finalizando um espetáculo – Foto: Betinho Casas Novas

A equipe está fazendo apresentações externas, com intervenções nas ruas de Copacabana e no metrô. “Por falta de dinheiro, fomos nos apresentar na rua e na primeira apresentação ganhamos 5 reais. Na segunda ninguém parou. Já bem desanimados, a Mariah (atriz) insistiu que a gente se apresentasse no metrô. Ali começamos a ganhar dinheiro. Fomos em vários vagões e fomos recebendo. Depois os seguranças barraram a gente dizendo que não podíamos cantar. Tinha uma criança assistindo e ela ficou bem triste, assim como nós. Quando os seguranças foram embora ela pegou 10 reais com a mãe e deu pra gente. isso foi muito marcante. Para cada apresentação de 2 minutos conseguíamos arrecadas 15 reais. Aquilo foi surreal, parece que ela apareceu ali para pedir pra gente não desanimar. Deu para pagar a passagem e agora vamos voltar a apresentar sempre na rua. É a única forma de conseguir algo relacionado a dinheiro. Relacionado a prazer a gente já tem todo dia em cada apresentação.

Para a galera que quer ser artista a atriz diz que desanimar é uma palavra que não deve existir e que ter paciência é fundamental. “Se você ama mesmo o que faz, a sua arte vai dar certo! Claro que tem um tempo. Para tudo leva um tempo. Todo o amor gera fruto. Incluindo financeiro. Pode não ser agora, como é o nosso caso, mas um dia vai rolar alguma coisa. É importante sempre estar disposto e nunca ser egoísta”.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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