Às 8 da manhã de hoje, 6 de maio, dia em que o Painel de Atualização de Coronavírus nas Favelas do Rio de Janeiro registra no Complexo do Alemão mais de 5 óbitos confirmados por Covid-19, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) realizou o serviço de sanitização nas comunidades em parceria com as Associações de Moradores. A iniciativa é uma ação complementar ao saneamento nas comunidades do Rio de Janeiro, com o objetivo de reforçar o combate ao novo Coronavírus.
O fotógrafo do Voz das Comunidades Matheus Guimarães acompanhou uma das equipes e registrou todo o processo de desinfecção realizado por agentes da Cedae. Enquanto percorria o Morro da Baiana junto com 8 homens uniformizados com roupas de proteção, Matheus, que teve seu primeiro contato com a fotografia em 2018, disse que viu poucas pessoas andando pelas ruas, mas não deixou de perceber a curiosidade de muitos moradores que observavam os homens com roupas estranhas das janelas. “Em todos os momentos os agentes foram muito gentis, colaboraram com o meu trabalho, e andamos juntos o tempo inteiro enquanto eles desinfectavam os becos e as casas. Eles pediam para que os moradores entrassem, com o objetivo de evitar contato com o produto e reação alérgica”.
Cerca de 80 agentes especializados com equipamentos de proteção individual (EPIs) participaram da ação de desinfecção, e antes de iniciar a operação de limpeza todos tiveram que passar por uma higienização, inclusive os fotógrafos. O material utilizado não possui cheiro forte e foi aplicado através de um nebulizador a frio para borrifar o produto com efeito desinfetante (quaternário de amônia de quinta geração e biguanida polimérica – phmb) em forma de jato. “Antes de irmos para os becos, ainda no teleférico, eles passaram esse produto na nossa roupa e na mochila…Não tem muito cheiro.”
Outros serviços deram apoio à ação, como a empresa de controle de pragas Truly Nolen, e para completar a segurança uma equipe ofereceu máscaras com protetor Face Shield para os agentes. De acordo com a CEDAE, “técnica e princípio ativo do produto utilizados pela prestadora do serviço são os mesmos utilizados pelo governo chinês em ruas daquele país como forma de combate ao novo Coronavírus. O produto age como uma película que mata os microorganismos do local (vírus, bactérias, fungos e ácaros) e forma uma camada protetora que mantém a superfície desinfetada por até 30 dias, dependendo da ação externa e circulação de pessoas”.
Uma das imagem que chama atenção é a de um agente especial da limpeza em posição de combate, lembrando as cenas de guerra que acontecem com frequência nesses mesmos becos. “A gente tava passando por esse beco em uma das partes da favela e eu passei primeiro por esse obstáculo antes deles. Assim que percebi a dificuldade já virei para esperar pelo agente. Quando ele passou percebi que ficou muito similar a posição de um policial durante as operações que acontecem no morro. Fazendo uma analogia, a gente está realmente combatendo alguma coisa, e nesse momento é um vírus, então a figura dessas pessoas que estão no combate é bem representativa mesmo”, ressalta o fotógrafo de 16 anos.
Para ninguém se perder enquanto o Coronavírus era eliminado das vias e equipamentos públicos do Morro da Baiana, moradores ajudaram na localização e acompanharam as equipes durante todo o trajeto. “Nessa foto estamos descendo o beco, e do lado tem uma parede, e essa parede na verdade, se a gente continuar olhando para o chão, percebe que é uma varanda e não um espaço fechado. Esse rapaz estava fazendo a orientação dos agentes pela comunidade”.
No Complexo do Alemão, a ação durou um pouco mais de duas horas. As próximas comunidades a receber o serviço de sanitização são Complexo de Manguinhos e Arará, ambas no sábado (09/5). Complexo da Maré, Vidigal, Vila Parque da Cidade, Chácaras do Céu, Mangueira, Tuiuti, Barreira do Vasco, Jacarezinho, Rio das Pedras, Muzema, Tijuquinha, Vila da Paz, Cidade de Deus, Praia da Rosa e Sapucaia (Ilha do Governador), Complexo do Dique, Furquim Mendes, Vigário Geral, Parada de Lucas e Rocinha são algumas comunidades que já receberam a visita da equipe especializada da CEDAE.
Veja mais fotos nas redes sociais de Matheus Guimarães e no Voz das Comunidades.