Natural de Café do Vento, cidade do município de Passagem na Paraíba, o músico Antônio Cassiano da Silva, mas conhecido como Cassiano Beija-Flor, é um apaixonado por forró e sempre manteve suas raízes nordestinas firmes ao longo dos 38 anos de carreira. Com o riso fácil e a paixão pela música correndo nas veias desde muito novo, ele contou que ainda criança ficava encantado cada vez que via o pai pegar na sanfona.
‘Meu pai era sanfoneiro, mas eu muito pequenininho não podia mexer, ficava só de olho e minha mãe dizendo que eu ia quebrar a sanfona, até que meu pai um dia me mandou uma de presente e aos poucos fui pegando o jeito, achando as notas e a primeira música que toquei foi ‘Ovo de Codorna’ do Luiz Gonzaga. E a maior herança que recebi na vida é carregar o nome Cassiano, que é o nome dele e poder levar essa música adiante’, relembrou.
Morador do Complexo do Alemão desde 1979, Cassiano fala da comunidade que o acolheu com muito carinho. Segundo o músico, ele foi emprestado do Nordeste para o Alemão, onde está sempre envolvido em projetos e eventos que trazem a cultura nordestina para comunidade, em 2011 participou com seu som do “Arraiá da Paz” que foi um grande sucesso na Comunidade.
‘Tô a 39 anos aqui, sou um Nordestino emprestado no Complexo do Alemão. Morei no Morro do Adeus de 1979 até os anos 2000, mas estou sempre por aqui. A comunidade tem um ponto forte de cultura nordestina, o pessoal começa ir para assistir, brinca lá com a gente e quando a gente vai ver, surgem mais músicos’, contou Cassiano.
Além de sua trajetória na comunidade, Cassiano já viajou o mundo levando o famoso forró pé de serra e espalhando a cultura brasileira em todos os cantos. ‘Já toquei na França, Suíça, Alemanha, sempre fazendo o forró pé de serra, músicas de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro e quando voltei gravei meu primeiro álbum’, contou. Sobre o forró no Rio de Janeiro, o músico contou que vê na região um grande foco do forró, e é claro que é uma das figurinhas carimbadas do famoso Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, muito conhecido como Feira de São Cristóvão, que é polo de cultura nordestina mais forte em solo carioca.
‘Já estou há 35 anos na Feira de São Cristóvão e nessa época de São João é sempre bom o movimento, é a época de mais procura do nosso som. E o Rio, o Sudeste em geral abraçou muito o forró e a cultura do Nordeste’, contou.
Figura marcante do forró do Alemão, o músico contou que a famosa ‘2ª sem Lei’ já é uma tradição na comunidade e que até casamento já rolou na festa. ‘A nossa 2ª sem Lei já deu até casamento, já casou gente ali. Estamos lá fazendo o nosso som, as pessoas chegam se divertem, um ambiente familiar e com muito forró. Todo mundo que chega por lá, sempre volta e mantemos sempre o forró pé de serra, a animação. Mesmo sem patrocínio a gente vai correndo atrás para fazer um bom trabalho e levar o forró para todos.’, disse ele.