Há dois anos produzindo bijuterias, a moradora do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, Andréa Carvalho, 32, começou a colher os frutos do seu trabalho por meio da novela das nove “Salve Jorge”, da Globo. “Sempre fui muito perua. Durante os seis anos em que trabalhei em shoppings, comecei a reproduzir os acessórios que via nas revistas, nas joalherias e passei a vender. Quando percebi estava vendendo mais minhas peças, do que as roupas da loja”, lembra a designer responsável por customizar as pulseiras usadas por Morena (Nanda Costa).
Mesmo com o sol quente que fazia na última terça-feira (30) em São Paulo, e de uma manhã de compras no centro comercial 25 de Março, Andréa estava com o cabelo arrumado, as unhas feitas, munida de algumas peças brilhantes e com um sorriso no rosto quando encontrou com a reportagem do UOL para apresentar seu trabalho. “Venho a São Paulo a cada 15 dias para comprar material”, contou.
Com a ajuda da Associação de Moradores da Grota, a dona da Queen Bijux conseguiu um espaço para expor seus produtos em uma feira de artesanato da comunidade e ficou conhecida por suas pulseiras, relógios, cintos, colares; que custam de R$ 15 a R$ 50.
Por causa da trama de Glória Perez, que retrata a pacificação do Complexo do Alemão, a carioca foi descoberta pela produção do folhetim, que adquiriu cerca de 200 bijuterias suas. As peças são utilizadas pelas personagens Morena (Nanda Costa), Sheila (Lucy Ramos), Nilceia (Paula Pereira) e Vanúbia (Roberta Rodrigues).
Com os R$ 7 mil que recebeu da Rede Globo, Andréa irá colocar silicone nos seios na próxima terça-feira (6). “A venda já valeu. Vou colocar os meus peitões, 375 mililitros”, brinca Andréa.
Vaidosa, a artesã preferiu realizar um sonho antigo com sua “grande” venda. “Falei para o marido que não compraria um automóvel, porque quem precisa de carro é ele, eu preciso de peitos [risos]. Me viro bem de van ou a pé para ir pra minha feirinha”.
Inspirações
Além de revistas e grifes, Andréa tem como principal inspiração o estilo das mulheres da comunidade do Alemão. “As meninas da comunidade gostam de brilho, de coisas chamativas, e eu também. Gosto de brilhar de noite e de dia”, afirma.
Consumista assumida, a designer ainda não sabe quanto lucra com suas peças. “Gasto R$ 1 mil por semana com matéria-prima, pago aluguel, colégio para minha filha, ajudo nas contas de casa… e não fico no vermelho. Mas ainda não sei meu lucro exato”, conta.
Durante três dias da semana, ela expõe suas peças en feiras de artesanato no Rio: na Grota (Complexo do Alemão), às sextas-feiras; no Complexo da Penha, aos sábado; e no bairro de Bom Sucesso, às quintas-feiras. Em média, ela vende 600 acessórios por dia trabalhado.
Fotógrafo: Leonardo Soares/UOL
FONTE: Amanda Serra
Do UOL