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Bailarinas do Morro do Adeus estão na ponta dos pés mas precisam de um espaço melhor para as aulas

“Na ponta dos pés” é um projeto criado por Tuanny Nascimento, 19 anos, no morro do Adeus, localizado no Complexo do Alemão, que tem como base aulas de balé para crianças da comunidade. Projeto esse, que ganhou destaque na matéria produzida no domingo (20/10/2013) pelo Jornal Extra, onde foi citada a falta de sapatilhas e condições no qual o projeto esta sendo tocado. Moradora e ex-aluna do grupo de dança da Vila Olímpica do Alemão, Tuanny teve que largar o balé para trabalhar. Com a mudança de presidente na Associação de moradores do Adeus, ela enxergou uma chance de voltar a exercer sua paixão e ainda ensinar tudo que sabia, assim surgiu o grupo, que hoje conta com 50 alunas que tem aula às terças e quintas de 18:00 às 19:30 e aos sábados de 08:00 às 10:30. Tuanny nos contou um pouco mais sobre sua relação com o balé e sobre o “Na ponta dos pés”.

– O balé mudou minha vida. Fui para fora do país, tive oportunidades maravilhosas. E já esta mudando a vida das minhas alunas. Mesmo com toda a dificuldade, elas são compromissadas e ninguém desiste. Foi muito falado sobre as sapatilhas, mas além delas precisamos de roupas, barras e espelhos. Devido ao aumento do grupo, precisamos também de um espaço maior para os nossos ensaios. Meu objetivo é trabalhar com a dança, não só aqui, mas alcançar todas as comunidades que precisam de incentivo.  Ainda não recebemos o apoio de ninguém, a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) tem feito convites para apresentações em alguns lugares e isso gera uma divulgação grande pro grupo.

Ao passar uma tarde lá, pudemos acompanhar o ensaio, todo o aquecimento e as coreografias já prontas, uma delas “Negro gato”, onde as meninas se soltam e mostram o que sabem, deixando a vergonha de lado diante de várias câmeras. Encontramos lá Luciene Vicente de Oliveira, 34 anos, mãe de Ane Caroline, 9 anos, e Juliane, 7 anos, que assistia, emocionada, o ensaio das filhas.

– Antes do balé, minhas filhas não faziam nenhuma atividade além da escola. Agora, elas têm responsabilidade, às vezes nem me esperam chegar do trabalho, pra não se atrasar. Minha filha mais velha tinha muitas dificuldades na escola e depois que começou a frequentar as aulas do projeto, melhorou muito. O balé tem feito uma grande diferença na vida delas. –

Nelma Rosa Pereira, 12 anos, moradora do Adeus e uma das alunas do projeto, disse que sempre quis dançar e encontrou no “Na ponta dos pés” tudo que queria.

– Aqui eu aprendi e aprendo muita coisa. A Tuanny é tudo! Antes eu só ficava na rua, agora isso mudou.

O “Na ponta dos pés” é mais um exemplo da diversidade de pessoas talentosas que existe em favelas. Que os olhos possam ser abertos, cada vez mais, para riqueza de cultura e arte que existe, não só aqui no Complexo do Alemão, mas em cada canto onde a dificuldade não é vista como um impedimento, mas como forma de crescimento.  Assistindo o ensaio também estava o Major Bruno Xavier, comandante na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do morro do Adeus, que além dos convites ao grupo, pretende dar mais assistência. – O balé traz disciplina, complementa a educação e é uma referência para comunidade. Junto com a educação, é um caminho a ser seguido. A ideia de ajudar começou com o comandante Vinícius na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Cidade de Deus e vamos dar continuidade aqui.


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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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