Tayana Medeiros é destaque na categoria e é promessa para a próxima paralimpíada.
“Eu aprontava todas. Subia em árvore, brincava com meus primos”. Tayana Medeiros teve uma infância agitada assim como a sua personalidade. Quando criança, usava um gesso que ia do peito até a perna e mesmo assim, fugia plantando bananeira, pois em uma determinada época a jovem andava somente com os braços. Apesar de revelar ter tido uma infância normal, Tayana nasceu com artrogripose, uma deficiência congênita que limita os movimentos das articulações.
Moradora do Morro da fé, uma das favelas do Complexo da Penha, Tayana é atleta paralímpica de halterofilismo e transformou o que poderia ser uma desvantagem. Como muita força no braço, a jovem de 25 anos se apaixonou pelo halterofilismo, após um período de reabilitação. Ela foi acolhida pela equipe do AVA há três anos que é uma instituição voltada para o desenvolvimento e apoio da pessoa com deficiência.
O treinador de Tayana, Claudemir Santos, revela que a jovem foi descoberta em um sistema de captação de talentos, onde percorre as favelas e procura perfis que são contemplados pelos esportes paralímpicos. “Nós encontramos a Tayana em uma situação de saúde muito necessitada, onde ela estava com um sobrepeso muito grande. Mas mesmo assim apresentava capacidades físicas importantes para o esporte, sobretudo para o halterofilismo”.
Tayana participou de competições na Hungria, no México e conquistou o segundo lugar no campeonato Europeu em maio, sendo uma das melhores quatro atletas de halterofilismo do mundo. Grande candidata a medalha na próxima Paralímpica, ainda sofre com a falta de patrocínio, mas diz que nunca deixou de competir graças a solidariedade e esforço da família e amigos.
“Eu tenho um “patrocínio”. Ele recolhe as doações, meus amigos me ajudam, minhas tias me ajudam. Deus sempre envia um anjinho e a gente, às vezes, tira de uma conta e paga depois para poder competir”- Revela Tayana.
A mãe da atleta, Edna Medeiros , afirma que apesar das dificuldades financeiras causadas por falta de patrocínio, a jovem é símbolo de resistência e superação e considera a filha uma vitoriosa.
“Eu tenho muito orgulho da Tayana e da força que ela passa para as pessoas. Eu vejo a disponibilidade dela, porque com ela não tem tempo ruim. Ela inspira uma mudança em muitas pessoas, pois não vê empecilho para fazer suas atividades”.
A jovem atleta diz que o seu sonho é chegar na sua primeira paralimpíada e levar o nome do AVA e do Brasil e mostrar que veio do Complexo da Penha. “Hoje eu falo que sou uma nova Tayana, uma pessoa que não gostava de esporte. O esporte me deu uma família nova como o Ava, o Claudemir, e eu sou apaixonada pelo o que eu faço”- diz Tayana.