Abrindo a coluna Eu posso, tu pode, nós podemos, entrevistamos Smith que traz muitas novidades para o ano de 2016
Estamos estreando uma nova coluna no Voz da Comunidade: Eu posso, tu pode, nós podemos, que vai apresentar histórias de pessoas que cresceram em favelas, driblaram as dificuldades, e hoje são conhecidas e reconhecidas por seus talentos. Em comemoração aos dez anos de carreira, completos em 2016, e com um ano cheio de novidades, temos o prazer de abrir a coluna com a história de Wallace Ferreira da Mota, de 29 anos, mais conhecido como Mc Smith, ou só Smith.
O cantor abriu as portas da sua casa, na zona norte do Rio, e nos recebeu em um ambiente muito bem decorado por quadros com fotos de personalidades como Gandhi, Malcon-X, Whitney Houston, Bob Marley, Obama, 2 Pac, 50 cent, entre outros. Em meio às muitas indicações de música e um bate papo sobre História, ficamos sabendo um pouco da trajetória de Smith, que acaba de lançar um livro contando esses e muitos outros casos. Vamos acompanhar!
Crescido nas comunidades da Penha, Smith sempre foi apaixonado pela música negra e traz no coração e DUAS vezes no braço direto, o nome de 2Pac, rapper norte americano, como sua maior inspiração. O que muita gente não sabe, é que Smith estudou ballet aos 16 anos e não imaginava que um dia entraria no mundo da música. Essa história de Mc surgiu quando Smith foi ajudar um amigo sendo promoter de uma lanchonete. Chamando o público com um microfone, Smith começou a inventar rimas e ficou famoso por isso. Tão famoso que foi convidado, tempo depois, a cantar em festas de rua e em bailes. “Eu não sou rico, não. Mas no início só ganhava dinheiro para comprar roupa e tênis da moda, né? Eu cantava para isso mesmo, pra me vestir e ter uma graninha pra levar as meninas pra sair”.
Esse ano, Smith se lançou no funk melody com um show composto por banda e bailarinos. “Sempre segui a moda e o mercado, minha carreira está fluindo bem. Meu show é bastante eclético, eu canto Tim Maia, Jorge Bem, Red Hot Chili Peppers, Cazuza…”. Perguntado se essa nova estrutura de show se enquadraria como Pop, o cantor respondeu: “Eu não sou cantor Pop. Sou Funkeiro, mas com estrutura de show pop. O funk começou com metal do James Brown e não tem porque não cantar funk com banda”, justifica.
Mantendo a personalidade polêmica que construiu também nos palcos, o cantor desconstruiu a possível rixa entre funk favela e funk melody e comentou sobre os caminhos do pancadão no país. “Ninguém é contra a galera do melody, o funk favela se posiciona contra alguns artistas que vão para a TV e nunca falam sobre os antecessores, os pioneiros que tem muito respeito no funk. Parece que o ritmo foi criado por eles. Aí inventaram que não cantam funk, agora é Pop. O pop é um jeito de você entrar para o mercado, e o mercado não quer um cantor rebelde, quer um cara tranquilo. E o Pop no Brasil entra pra moldar o artista, pra fazê-lo um produto mercadológico.
Hoje temos quase 30 anos de funk, daqui a mais algumas décadas o funk será como o samba que foi marginalizado no início do século passado. Quando o samba se industrializou, o funk se tornou a música da nova geração da favela. Agora o funk corre para a mesma reação”, explicou o cantor.
Smith também vem se adaptando ao novo es lo de funk, mas continua se considerando militante da cultura de favela. “Agora eu já cheguei também na Zona Sul e tento pregar uma semente no coração de todo mundo. Quero meu público consciente da realidade do morro. No início da carreira, eu falava sobre as equipes que roubavam os artistas e sobre o quanto a gente foi explorado. Vou continuar alertando as pessoas, vou abordar os assuntos com mais maturidade e propriedade. Voltei melhor e mais forte”.
LIVRO
A atual aposta do cantor é sua autobiografia lançada este mês: “Smith, acabou o esculacho”, onde narra diversas experiências vividas. “O ano de 2016 está sendo bem produtivo para mim e que permaneça desta forma”, anseia Smith. Nós do Voz da Comunidade também desejamos um ano inteiro incrível pra você, Smith!
Acabou o esculacho!