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ONG que auxilia mais de 100 crianças passa por problemas financeiros na Penha

Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades
Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades

O projeto cultural Arte Transformadora, no complexo de favelas da Penha, na zona norte da cidade, oferece aulas gratuitas de ballet, capoeira, informática, artesanato, percussão e inclusão digital para idosos

O projeto nasceu a partir da vontade de um grupo de pessoas da igreja fazerem algo em prol da comunidade, porém muitos são os problemas enfrentados pelos idealizadores e, principalmente pelas pessoas beneficiadas com as aulas. Apesar da grande procura, o projeto não conta com uma estrutura capaz de atender tantos moradores. Atualmente mais de 100 moradores, entre elas crianças e adultos são cadastradas.

O diretor da Instituição e responsável pela parte financeira Antônio Wagner conta que na ocasião em que nasceu não havia espaço suficiente para guardar o material. Foi então que procuraram um “canto” para guarda-los e daí surgiu o que seria uma ONG capaz de entreter crianças, jovens e adultos – A gente achou uma casa pra alugar próximo daqui e alugamos para guardar o material. Quando chegamos lá juntaram muitas crianças. Nisso surgiu o interesse delas em saber o que iria acontecer ali – contou Antônio. A partir daí despertou no grupo a ideia de criar o Arte Transformadora, que como o próprio nome já diz, visa transformar a vida dos moradores através da arte, da música e da dança.

Não demorou para que o espaço que serviria apenas como um lugar para guardar os materiais do teatro ficasse pequeno. “Era apenas uma sala. Nós montávamos para uma aula e depois desmontávamos para iniciar a outra”- Contou Antônio.

Apesar da grande vontade em fazer acontecer vários projetos que sejam significativos principalmente para os jovens, a ONG passa por diversos problemas financeiros, mas que nem por isso os desmotivam. Mensalmente são R$ 600,00 gastos em aluguel e mais R$ 130,00 para a luz. Além dos lanches para as crianças. Todo o dinheiro sai do bolso dos 12 contribuintes que o projeto tem. Todo o material disponibilizado na ONG, computadores, instrumentos musicais, cadeiras e mesas, também são doação.

Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades
Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades

Atualmente a ONG conta com nove professores, todos voluntários. Pois não há verba para paga-los. Segundo Antônio Wagner que se divide entre a ONG e seu trabalho de taxista e motorista de transporte escolar, os professores vão ao projeto para conhecer e acabam se sensibilizando com a causa e se dispõem em ajudar – São pessoas que vêm pra conhecer e se apaixonam pela iniciativa. Eles ficam encantados – Conta Antônio.

A Oficina de artesanato, a mais cara para o projeto por conta de materiais, conta hoje com oito alunas. Mulheres da comunidade que querem estar em constante aprendizagem para que a mente possa sempre pensar em algo novo.

Dayane Nanci de Jesus também é aluna da oficina de artesanato e, enquanto cria seus objetos, sua filha, a pequena Ana Beatriz de 6 anos participa da oficina de Ballet, a mais procurada.

A oficina de ballet tem cerca de 40 alunas, entre 4 e 12 anos. Segundo a professora Telmary Ferreira, que desde o início dar aulas na oficina, essa grande procura se dá pela vontade dos pais em quererem afastar os filhos dos possíveis riscos que uma vida na favela trás, porém não têm condições de mantê-los em aulas particulares:

– Eu vejo muito a questão financeira dos pais. Querem apresentar algo novo aos filhos, mas não têm condições.

A professora que tira seu sustento da profissão de cabeleira pensa antes de tudo em fazer a diferença na vida de cada criança que por ali passa. Pois a questão financeira agrava tanto as crianças, quanto a instituição.

– Eu faço por amor mesmo. Não recebemos nenhum tostão, mas nem por isso penso em desistir porque eu penso primeiro nas crianças.

Para fazer qualquer atividade no Arte Transformadora é necessário que as criança e jovens estejam regularmente matriculadas e frequentando a escola.

Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades
Foto: Betinho Casas Novas/Voz das Comunidades

Para quem se interessar em ajudar, o Projeto Arte Transformadora que fica na Rua Ipojuca, 392 na favela do Grotão recebe doações, inclusive de roupas e calçados usados. Uma vez por mês é realizado um bazar, onde o dinheiro arrecadado é rever do para auxiliar nos lanches para as crianças.

Um Brasil melhor a cada doação: abraceobrasil.org.

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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