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Com histórias em quadrinhos, pré-adolescente do Vidigal cria suas próprias aventuras

Estella Anna, de 10 anos, criou a revista “As Aventuras de Estellar”, onde ela é a protagonista
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Sendo um período de descoberta, a infância é uma das etapas mais essenciais no desenvolvimento de uma pessoa. Através deste momento de curiosidade e imaginação, a criança descobre seus gostos e características únicas. Na vida de Estella Anna, de 10 anos, não seria diferente. Apaixonada pelos gibis da Turma da Mônica, da qual sua personagem favorita é a Magali, ela criou um universo em revista de quadrinhos para chamar de seu: “As aventuras de Estellar”. 

Neste cenário repleto de fantasias e sonhos, Estella retrata para o mundo o sonho de ser uma super-heroína. Nele, a moradora do Vidigal, na rua mais conhecida como rampa do 14, ganhou poderes através de um colar de pedras holístico – uma das suas paixões – e conta a sua trajetória heróica. 

“Eu adoro ler revistas e histórias em quadrinhos. A minha personagem preferida é a Magali, da Turma da Mônica, porque nós comemos muito! Por ler bastante, decidi criar minhas próprias histórias e desenhos. Agora, tenho um universo só meu para explorar e mostrar para todas as crianças”, explica Estella, enquanto faz carinho no pescoço da Jujuba Coxinha Cristal Pereira de Paula, a sua jabuti de estimação. 

Apaixonada pelos gibis da Turma da Mônica, Estella cria o seu próprio universo em quadrinhos
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Através do incentivo dos pais e dos tios, que também trabalham com o mundo artístico, Estella sempre teve o incentivo familiar para experimentar a sua criatividade. Inquieta por natureza, ela atua em outras áreas de criação, como na costura de roupas para brinquedos da Barbie, pintura de quadros e roteiros de peças. 

“A gente sempre dá espaço para a liberdade criativa da Estella. Às vezes, a nossa casa tem uma bagunça de livros, desenhos, canetas e máquina de costura por todo o lado. Mas entendemos que é o processo criativo dela. É muito importante ver ela se desenvolvendo e, se possível, sendo uma referência para outras crianças, mas sem perder a infância dela, que é o que prezamos”, detalha Aretusa de Paula, mãe da pequena artista. 

O empenho da família é tanto em fornecer liberdade criativa e de desenvolvimento que Estella já participa de palestras e conversas com outras crianças sobre a temática da revista de quadrinhos e da possibilidade de construir sonhos desde cedo. “Eu fiquei muito feliz pela minha primeira palestra. Levei uma amiga minha, que acabou se tornando a minha primeira fã, já que leu a revista primeiro que todo mundo”, relembra

Apoiada pelos familiares, a pré-adolescente lançou a sua primeira edição de Aventuras de Estellar
Créditos: Selma Souza/Voz das Comunidades

Aretusa explica que a paixão pela literatura é um vínculo familiar, pois o seu marido, Evânio Pereira de Paula, é dono de uma banca de jornais e revistas no Leblon, zona Sul do Rio de Janeiro. Com a banca do pai, a Estella pegou o gosto de folhear tudo que tem por lá, inclusive, os jornais. 

“Ela chega na banca e fica lendo tudo que tem por lá. É tipo um paraíso pra ela. Ela também se espelha nos tios dela, que são responsáveis pela ilustração e fabricação das revistas. A Estella desenha, roteiriza e envia para eles”, comenta Aretusa. 

Hiperativa, Estella também tem o sonho de estudar medicina e, consequentemente, se tornar médica. Apesar de jovem, ela detalha que o seu plano de carreira envolve a criatividade, animação e o cuidado com as crianças. “Quero ser médica para chegar dançando e cantando no hospital para alegrar as crianças”, almeja.

A primeira edição da “As Aventuras de Estellar” foi lançada em 12 de outubro, na Praça do Vidigal, em um evento do Dia das Crianças na comunidade. Neste dia, houve a distribuição de exemplares para as crianças e jovens que estavam pelo local. As próximas revistas em quadrinhos de Estella estão programadas para o mês que vem, onde ela retrata o cotidiano da favela da zona Sul.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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