“QUE CALOR É ESSE??” seria a expressão mais utilizadas pelos cariocas nesses últimos dias. As altas temperaturas registradas faz parte de uma onda que atinge não só o Rio de Janeiro como boa parte do país. Entretanto, é impossível não fazer um recorte da situação das comunidades da cidade. A última segunda-feira (13) foi um dos dias mais quentes do ano e, além do calor, os moradores tiveram outro vilão: a falta de energia.

Os registros já começaram na própria segunda-feira, quando vários bairros da Zona Norte do Rio passaram por um apagão. Os CPXs Alemão e Penha, Bonsucesso, Ramos e Olaria e Ilha do Governador enfrentaram algumas horas sem luz. O caso ocorreu por conta das 22h.

“Se dependesse da Light, estaríamos sem luz até agora”

No Complexo do Alemão, moradores da região do Inferno Verde relataram o drama de enfrentar o calor na noite anterior. Dona Josefa Teixeira, 90 anos, assistia TV em sua casa quando recebeu a equipe do Voz das Comunidades. Questionada sobre as altas temperaturas, ela responde com sorriso. “Já tomei três banhos hoje! Tá muito calor!” Dona Josefa conta que na noite anterior foi difícil até de pegar no sono. “Ainda bem que a luz chegou um pouquinho depois, mas enquanto não vinha, tinha um ventinho quente que chegava aqui. Mas não adianta. A gente se sente mal por isso.” Ao lado Dona Josefa, sua filha Nívea Lúcia, de 62 anos, complementou. “A luz só voltou porque um dos moradores que mora por aqui entende do assunto. Ele foi lá e ativou. Porque se dependesse da Light, estaríamos sem luz até agora.”

Também no Inferno Verde, para o vendedor Thiago Quevedo, de 19 anos, não bastava só enfrentar o calor, as quedas de luz eram frequentes. “A Light veio aqui e ficaram de mexer nesse poste. E falaram que voltariam na semana pra trocar o transformador.” Josias Moreno, 39 anos, confirma a versão de Thiago e acrescenta que as quedas de luz são frequentes. “No final de semana passado, faltou energia no sábado de tarde e voltou só no domingo de manhã. Ontem faltou de novo. Aí os moradores mesmo tiveram que reativar porque senão, ainda não ia ter nada. Vários lugares estão assim aqui no Alemão”.

Na parte baixa do Alemão, em direção ao Morro do Adeus, Dona Vânia Fernandes, de 35 anos e sua família não enfrentam só um e sim CINCO DIAS sem energia em casa. Por conta do estouro do fio que liga o poste à sua casa, a moradora relatou que está desesperada com a situação. “Meu filho tem TDAH e toma muitos remédios. Eu trabalho com confecção de lembrancinhas de aniversário e não posso trabalhar por não ter luz em casa.”

A dona de casa relata que abriu protocolos com a Light desde o dia que faltou luz, mas nenhuma equipe apareceu para reparar o fio. “Eu pago casa e pago luz. O que eles estão fazendo com a gente é um absurdo. Todas as casas aqui da rua tem luz, só a minha que não.”, comenta aos prantos.

Outras comunidades também sofrem com o problema

Moradores da Ilha do Governador, na Zona Norte e o Morro da Providencia, na região central da cidade, também atravessaram quedas de energia. No Conjunto de Favelas da Maré, moradores enfrentaram quatro dias sem energia. Na Zona Sul, moradores da comunidade da Rocinha também enfrentaram falta de luz e abastecimento de água. Nas redes sociais, o jornal Fala Roça orientou os moradores sobre a situação.

Cadê a Light?

Contatada pela redação do Voz das Comunidades a Light respondeu em nota, dizendo que registrou a “falta de energia elétrica em alguns pontos da Ilha do Governador, Ramos e Olaria devido a um problema de alta tensão. Neste primeiro momento, nossas equipes estavam empenhadas para restabelecer a energia para os clientes o mais breve possível.” A empresa relata que os problemas relacionados à essa ocorrência foram resolvidos no mesmo dia, mas que as causas do problema ainda estão sendo apuradas de forma interna. Já na Rocinha, a concessionária informou que houve sobrecarga em um equipamento devido ao alto número de ligações. Segundo a empresa, a energia foi restabelecida na região, mas que permanece no local para verificar casos pontais. Por fim, a Light ressaltou que mantém equipes à disposição da comunidade e alertou sobre os perigos de ligações clandestinas serem um “prejuízo para toda a população”.