Matheus de Oliveira Noberto, de 21 anos, é estudante de Análise de Sistema na Estácio e morador do Complexo do Alemão há três anos. Neste tempo na comunidade trabalha como barbeiro, começou nas calçadas da avenida Itararé e hoje tem o seu próprio salão.
A favela é uma potência de empreendimento, o favelado tem uma coisa que é muita das vezes negada pela sociedade, a oportunidade. O Complexo do Alemão, como muitas outras comunidades, oferece ao morador esta oportunidade de ter seu empreendimento e poder construir seu negócio, a fim de ter a chance de mudar de vida e ter a sua renda.
Começo como barbeiro
O jovem nunca se imaginou cortando cabelo ou muito menos vivendo desta profissão. Apenas queria fazer um dinheiro extra, mas, o que começou um bico hoje é sua fonte de renda e profissão.
“Sempre fui muito curioso, nunca me interessei por cortar cabelo, mas gostava de computadores. Um dia tinha um amigo do meu tio com cabelo grande e fui cortar, ele gostou e dali fui indo. Comecei a assistir vídeos nos Youtube em 2016, mas era muito pouco conteúdo naquela época. No Natal de 2017, eu arrumei uma tenda com a minha tia e cortei ali mesmo na calçada, naquela data eu estourei. Após o Natal, eu continuei e conquistei minha clientela e aí comecei a cortar de vez”, contou Matheus.
Mãe como inspiração
O barbeiro, que não tinha como meta sair das calçadas, amadureceu a ideia, começou a investir na profissão no ano de 2018 e a profissionalizar seu trabalho. Decidiu então sair das ruas, ir em busca seu próprio salão, e alugou um espaço para cortar. Depois de alguns meses, deu um passo mais além e quis ter sua própria barbearia.
“Penso que tô no caminho certo. Sempre fui bem de cabeça e pensei no meu futuro. Minha mãe sempre botou isso na minha cabeça, e eu tinha ela como base. Ela é minha maior inspiração, ela é a pessoa que eu mais vi ralar na minha vida, então sempre tive ela como inspiração”
Com mais de 1 ano com seu próprio espaço, Matheus já planeja como objetivo dar mais um passo e em 2021 ter mais uma barbearia no Complexo do Alemão, porém, com um estilo alternativo. A meta é chegar ao nível de somente administrar os salões.
“Fiquei juntando durante um ano, mas o dinheiro que juntei era pouco. Pedi ajuda a minha família e negociei esse espaço com o dono, só comecei a realizar as obras depois de pagar tudo. E o dinheiro que entrava dos cortes, ainda no outro salão, eu investia aqui, me dividia entre o trabalho e as obras e fui indo. E consegui chegar aqui”.
Quer dar um tapa no corte, morador? A barbearia do Matheus fica na rua A, 22, próximo ao condomínio do IPÊ.