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Abandonado pela Prefeitura, Centro Comercial da Itararé nunca passou por manutenção; projeto de reforma aguarda licitação

Inaugurado em 2009, espaço está em situação crítica. Lojistas e frequentadores saem prejudicados
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

O Centro Comercial Itararé, onde, além das lojas, também fica a Praça do Mirante do Complexo do Alemão, está abandonado pelo poder público há 14 anos. Ou seja, o espaço de quase 1500 m² não passa por uma manutenção desde a sua inauguração, em 2009. A galeria, como chamam os moradores, fez parte das obras de urbanização do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em 2016, a Controladoria-Geral da União (CGU) apontou superfaturamento em R$ 139,5 milhões no planejamento aplicado no Complexo do Alemão.

Segundo o vereador Luciano Medeiros (PSD), a solicitação do projeto de reforma já foi feita, não só desse como também do Centro Comercial da Grota, pelo seu gabinete. “Está pronto e orçado. O prefeito Eduardo Paes autorizou, mas estamos aguardando a autorização da licitação; escolher a empresa e iniciar as obras. Acredito que será no início do ano que vem”, anunciou. O valor estimado das obras na galeria é de R$ 1,4 milhão e o prazo inicial era de 5 meses; pedido é de maio.

A galeria é onde ficam os quase 60 lojistas que foram realocados da Grota, também no Complexo do Alemão, durante as obras do PAC, que iniciaram em 2008. E hoje, o local que deveria ter promovido uma melhoria, se encontra degradado. Os banheiros estão deteriorados, sendo os únicos para uso tanto de comerciantes quanto de clientes, as madeiras do deck do Mirante estão se desfazendo, já tendo causado inclusive acidentes, e quando chove, alaga todas as lojas.

Procurada, a Empresa Municipal de Urbanização (RIO-URBE) ainda não se pronunciou.  

Lojistas apontam descaso

Ana Gaudêncio, de 53 anos, vende quentinha há 12 anos e é uma das lojistas mais antigas da galeria, que chegou após a realocação dos comerciantes da Grota. “Nós mesmos consertamos o espaço. Já passamos 1 ano jogando balde de água no banheiro porque não tinha descarga. De 6 em 6 meses a gente troca tudo”, relatou a comerciante. 

Ana Gaudêncio é uma das comerciantes mais antigas da galeria
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

“Não temos ajuda de nenhum órgão é isso aqui é um espaço público, mas eles não valorizam o pequeno comerciante. Como a gente é pequeno, então não estão nem aí. Se fossem marcas grandes não seria assim”, aponta Ana, que também destacou a conscientização dos jovens. “Tem que cuidar daqui.”

Outro comerciante antigo também aponta os mesmos problemas. Francisco Valguinice, de 59 anos, já esteve, em 2021, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) com o então secretário de obras Max Lemos e outras autoridades. “Já fomos na Alerj em várias reuniões, já veio engenheiro, tiraram fotografias e tudo, fizeram várias promessas, mas só ficou no papel”, disse.

“Por ser comunidade a gente é esquecido. Falta um outdoor ali fora (na Estrada do Itararé), porque a gente tá escondido. Tava na planta desse projeto um outdoor gigante que seria colocado na Itararé, mas ele nunca foi colocado. É um descaso público com a gente”, reiterou.

Cultura prejudicada

A Roda Cultural da ZN, que costumava acontecer no Mirante há 7 anos, está paralisada. Flávia Costa, uma das produtoras do evento que fomenta o movimento hip-hop no Complexo do Alemão, explica: “Paramos a roda em janeiro de 2022, por motivos de segurança e higiene. Já teve gente escorregando no deck, afundando, furando o pé com prego solto e o banheiro tá insalubre. Não dava pra receber o público nessas condições”.

Flávia Costa, uma das produtoras da Roda Cultural da ZN
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Com o bloqueio da Cultura pela negligência do governo municipal, um outro comerciante prejudicado é o Diego Brito, 28, que tem uma loja de bebidas há cinco anos. “Eu não acredito muito que a Prefeitura vai reformar isso aqui, não dá pra confiar em obra de governo. Eles disseram que iam fazer e até hoje…”, desabafa.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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