Grupo de meninas da Favela do Caracol disputam a “Street Child World Cup 2018”, na Rússia
Um time de futebol feminino formado por 9 meninas entre 14 e 17 anos, todas moradoras da Favela do Caracol, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio, desembarcou na cidade de Moscou, na Russia, onde a pouco mais de um mês acontecerá a maior disputa de futebol do mundo.
O time comandado por Claudianny Santos, de 21 anos, está no País da Copa para representar o Brasil numa disputa de futebol mirim, a “Street Child World Cup 2018”. A disputa, que acontece a partir de hoje, dia 11, reúne 24 times de áreas periféricas do mundo todo, metade de meninas e a outra parte de meninos. O time brasileiro masculino é representado por crianças de Fortaleza, capital do Ceará.
A atual treinadora e ex-jogadora do time, fez parte da equipe que disputou e ganhou a Copa Mirim de 2014, aqui no Brasil. Para Claudianny, reviver esse momento trás saudade de quando jogava, mas também muita alegria de poder participar de outra maneira. “Queria ter meus 17 anos novamente por 10 dias, mas acho que o nosso time está bem representado. E apesar de não poder jogar, estou feliz de estar aqui e poder participar de tudo isso novamente”. Conta.
O projeto existe há pouco mais de cinco anos, no início era administrado por alguns holandeses, porém agora a organização é de brasileiros e, apesar de estarem em um momento bastante feliz, a realidade do Projeto Família Caracol, como se chama, é um pouco mais triste, segundo Claudianny, eles contam com pouca ajuda financeira, todas, inclusive, vindas dos EUA, do Brasil mesmo, nenhuma. “Planos de evolução para o projeto temos muito, mas nosso maior problema é a falta de patrocinadores. O dinheiro que entra, mal da pra pagar os treinadores e suprir as necessidades, como por exemplo materiais de treino, concertos do campo e passeios com as crianças”, relata a treinadora.
Segundo ela, o principal objetivo do projeto, é fazer com que as crianças tenham alguma atividade para se ocupar após o horário escolar. “Estando no projeto, eles podem se divertir, conversar e fazer amigos. O Futebol funciona como uma terapia. É uma chave de escape de um mundo perigoso para a realização de sonhos”. Declara.
Se manterem o mesmo desempenho de quatro anos atrás, as meninas irão trazer para casa o título de bicampeãs. Claudianny, relembra a disputa anterior, e conta o significado que é participar do evento. “Jogamos absurdamente bem, teve um jogo que ganhamos de catorze a zero. Foi absolutamente incrível. Chegamos super competitivas, achando que seria um torneio normal, mas com o tempo percebemos que não era só futebol, era amor, amizade família, estava tudo envolvido. A linguagem funcionava muito bem com todos os times, já que falávamos línguas diferentes. Criamos laços de carinho um pelo outro, todo mundo torcia junto e se respeitavam dentro de campo. Foi lindo”, relembra a jovem.
…não importa de onde você vem ou quanto dinheiro você tem, sonhos sempre serão possíveis de se realizar…“
Claudianny conta ainda a expectativa para a competição que se inicia logo mais e deixa um importante recado para o time. “Espero que elas tenham a mesma perspectiva que tivemos 2014. Que sintam e vivam isso. E que estejam convictas de que não importa de onde você vem ou quanto dinheiro você tem, sonhos sempre serão possíveis de se realizar. Quero que elas se divirtam acima de tudo, que aproveitem cada momento e que levem a taça de bicampeãs pra casa”. Finaliza.
As meninas desembarcam no Brasil no próximo dia 23 de maio, até lá, a torcida brasileira é grande para que elas tragam a taça de bicampeãs.