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Surfando nas Olimpíadas, brasileiros incentivam crianças do Vidigal

Escolinha do Vidigal dá aulas gratuitas para crias do morro que querem aprender a pegar onda
Foto: Igor Albuquerque / Voz das Comunidades

Desde 2014 os surfistas brasileiros vêm dominando o cenário mundial nesse esporte, de lá pra cá já foram sete campeonatos mundiais conquistados – Medina (3), Filipinho (2), italo Ferreira (1) e Adriano de Souza (1). Todas essas conquistas acabaram por mudar também a preferência das crianças. Se antes, elas buscavam por esportes consagrados, como futebol e vôlei, hoje a busca pelas aulas de surf só vem crescendo.

Os Jogos Olímpicos de Paris serviram para confirmar o favoritismo e amplo domínio brasileiro na modalidade. Se nos jogos do Japão, em 2020, tivemos a estrela de Ítalo Ferreira para nos conduzir até o lugar mais alto do pódio, sua ausência nessas olimpíadas não nos deixou carentes de bons resultados. Faturamos uma prata (no feminino) e um bronze (no masculino) em Paris.

De olho nas oportunidades que surgiriam, o jovem morador do Vidigal, Juan dos Reis Rigaud dos Santos, de 24 anos, resolveu se tornar professor de surf. Surfando desde menorzinho, há mais de quatro anos, montou sua escolinha no Arpoador, a Rigaud Surf School. No tradicional “point” do surf carioca, o Vidigalense recebe cerca de 40 alunos – crias do morro, que são isentos de mensalidade, e também pagantes.

“No momento estou atendendo cerca de 40 alunos. No social as crianças do Vidigal e algumas pagantes do asfalto, mas estou me estruturando para conseguir receber mais crianças tanto de outras comunidades no social quanto os outros alunos”, explicou Juan.

Juan é cria do Vidigal e dá aula de surf no Arpoador que é o point mais tradicional de surf do Rio
Foto: Igor Albuquerque / Voz das Comunidades

O professor falou também da importância dessa prática esportiva para os seus alunos e de como esse contato influencia, tanto na vida deles como também na sua. Levantando a auto estima dos alunos e trazendo também um sentimento de gratidão pra ele.

“O surf para as crianças acho que está sendo muito importante. Tem vezes que eles chegam meio pra baixo, meio desmotivados, e, depois, quando termina a aula, já saem outras crianças. Eles ficam mais alegres, mais confiantes.” conta.  Juan diz que tem muitos que nunca tiveram a oportunidade e  sempre quiseram aprender a surfar. “Eles sempre me falam que estou realizando o sonho que tinham desde pequenos. Isso pra mim é muito gratificante. Eu sempre falo pra eles que pra começar a surfar não tem idade certa, que o surf é para todos. Eu tenho alunos que começam com 4 anos e tenho alunos que começam com 50 anos”, completou.

 O surf é um esporte que precisa de equipamentos caros para ser praticado. Os preços variam de 1.000 a 6.000 reais e isso acaba trazendo dificuldades para que ele consiga dar continuidade ao seu trabalho. Mas, mesmo assim, esse jovem cria do 314 (parte baixa do Vidigal), não abre mão de sonhar com várias coisas ligadas ao surf. 

É muito satisfatório para o cria ver novos talentos do surf surgindo
Foto: Igor Albuquerque / Voz das Comunidades

“Isso não me desanima. Eu sou um exemplo de que é possível conseguir grandes coisas com o surf. Esse esporte me trouxe várias oportunidades, e hoje tudo que eu venho conquistando é graças a ele. Eu ainda sonho em conquistar várias outras coisas e uma delas é viajar o mundo para surfar”, finalizou.

A Rigaud Surf School fica no Arpoador. É a terceira escola de surf, para quem vem de Ipanema, fica entre os postos 8 e 7.

Surf brasileiro nas olimpíadas

Italo Ferreira, não conseguiu se classificar para os Jogos de Paris. No entanto, a equipe brasileira, liderada por Gabriel Medina, não deixou a desejar. Além do líder, também fizeram parte da equipe João Chianca (Chumbinho) e Filipe Toledo, no grupo masculino, Tatiana Weston Webb, Luana Silva e Tainá Hinkel, no feminino.

Medina, que vinha de um quarto lugar no Japão, conquistou a medalha de bronze. O surfista natural do Litoral Paulista, ainda teve a oportunidade de se “vingar” do seu algoz, Kanoa Igarashi, que o eliminou nas quartas de final e tirou suas chances de medalha em 2020.

Além disso, o brasileiro faturou a maior nota dos jogos olímpicos até hoje, um 9.90 .Ele foi para as quartas de final e venceu João Chianca. Mais uma vez foi Gabriel Medina quem ficou com a responsabilidade de mostrar a potência do surf brasileiro.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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