O futebol figura entre as grandes paixões dos brasileiros. Em terras cariocas, quatro grandes gigantes se erguem dentro das quatro linhas. Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo dividem corações apaixonados de torcedores por toda a cidade. O sonho de ser jogador de futebol e brilhar entre grandes atletas toma conta de jovens das periferias da cidade. E no Complexo do Alemão não é diferente. Crianças e adolescentes integram times formados por escolinhas de futebol, iniciando suas carreiras em busca dos holofotes que iluminam as quatro linhas.
Ricardo Menezes de Araújo é um dos responsáveis por dar o pontapé inicial na trajetória destes meninos. Instrutor de futebol há mais de 20 anos, Ricardo dirige o projeto social Craques do Amanhã, na Fazendinha, no Complexo do Alemão. Atendendo cerca de 150 jovens da comunidade, o instrutor organiza treinos e jogos internos dentro do projeto social. “Tenho turmas que começam a partir dos 8 e vão até 20 anos de idade. Atendendo alguns que são maiores também”, relata Ricardo. Ele relata que tem orgulho do trabalho, uma vez que tenta atender o máximo de pessoas que consegue e isso acaba tirando os meninos das ruas. “Seria um tempo que eles estariam ociosos, né? Mas estão comigo. Passamos a tarde treinando e jogando”.
O projeto Craques do Amanhã atende no Campo do Seu Zé, na Fazendinha, às terças e quintas-feiras, das 14h30 às 18h. Uma coisa que chama a atenção do instrutor da escolinha é a qualidade do campo que utilizam. “Quando chove, é bem difícil. O campo fica encharcado e não temos condições de dar aula para os meninos. A gente precisa de material também para a garotada, como bola, que eu vejo como problema principal. Esse ano é de eleição. Os políticos aparecem com promessas de tudo que a gente precisa”.
Mesmo com dificuldades, o projeto Craques do Amanhã segue firme. O time organizado por Ricardo é muito ativo em torneios dentro da comunidade. “Não estão tendo eventos fora da favela porque, segundo eles, é por causa da pandemia da Covid-19. Quem fazia isso era a secretaria do esporte, mas ninguém mais está organizando”. Ainda que a administração pública não esteja estruturando campeonatos externos, a própria comunidade se move para promover eventos que envolvam os times de dentro da favela. “Os torneios aqui são internos e nós sempre somos convidados para participar. Geralmente eles acontecem quando alguém chega pra ajudar com alguma premiação. Aí a pessoa que é responsável pelo campo convida todas as escolinhas para participar”. Ricardo revela que adoraria fazer uma escolinha de futebol maior e que atendesse mais crianças. “Meu sonho é ter uma associação pra gente poder organizar as coisas melhores aqui dentro”, enfatiza.
Patrick Soares da Silva, 16 anos, é estudante e aluno do projeto Craques do Amanhã. Ele revela que gosta muito de atuar no projeto de futebol de Ricardo e também apontou algumas dificuldades que encontra em dias chuvosos. “No treino do Ricardo, eu venho muito animado, porque eu jogo com alguns colegas de escola e também com os amigos daqui. O ruim é quando chove. O campo fica cheio de poças d’água e fica mais difícil de jogar. Quando a gente chuta a bola, por exemplo, a gente escorrega bastante. Seria ótimo se ele fosse reformado”.