“Eu espero que meus filhos se tornem grandes profissionais do tênis”; Play Life forma grandes atletas e cidadãos no Vidigal

Iniciativa ensina tênis e busca transformar vidas por meio do esporte na favela
Foto: Igor albuquerque

Os projetos sociais são de uma importância fundamental para as favelas. Desses projetos os mais importantes são aqueles que proporcionam uma melhor qualidade de vida e dão um direcionamento para a formação profissional dos moradores que participam deles. As iniciativas que têm o esporte como base juntam esses dois fatores e aumentam ainda mais o seu poder de transformar a vida dessas pessoas. 

O Tênis, mesmo sendo um esporte elitizado, sempre foi uma alternativa de trabalho para muitos moradores do Vidigal, pela proximidade da comunidade com os principais clubes da Zona Sul e pela grande rede hoteleira que existe por toda orla. Geralmente os meninos do morro iniciavam suas carreiras profissionais como “boleiros” – auxiliares que nos jogos de tênis pegam as bolinhas que caem no chão – e depois, com o seu desenvolvimento, iam subindo de cargo até se tornarem professores dessa modalidade esportiva 

Reencontramos o Projeto Play Life que ensina Tênis no Vidigal e dá oportunidade de transformação para as crianças e adolescentes da favela, ensinando não somente o esporte, mas também trazendo ensinamentos de cidadania através dele. E é o Professor Leonardo Farias, de 40 anos, que iniciou a sua carreira no esporte ainda muito novo, aos 12 anos, como “boleiro”, num tradicional clube em Ipanema, quem não só proporciona ensinamentos, como distribui tudo de bom que o esporte deu pra ele. 

Professor Leonardo encontrou no Tênis um caminho para uma vida melhor para ele, sua família e para as crianças da comunidade do Vidigal Foto: Igor Albuquerque 

“Quando eu estava na sexta série, um amigo veio me dizer que trabalhava de boleiro e eu achei muito legal e, mesmo contra a vontade dos meus pais, eu comecei a trabalhar e achei muito legal. A coisa que mais marcou foi que no meu primeiro dia de trabalho eu já consegui comprar picolé para todos os meus coleguinhas, com o dinheirinho que eu tinha no bolso, conseguido com o meu trabalho. Isso foi muito marcante para mim. Depois disso eu consegui ajudar a minha família e vivo bem até hoje graças ao Tênis”, disse Leonardo. 

Uma das famílias que é atendida pelo projeto, e com isso consegue vislumbrar um futuro melhor através do esporte, é a da Carolina Rodrigues, secretária de 30 anos, que têm quatro filhos, Kaique (14 anos), Cássio (11 anos), Kayla (9 anos) e Kalel (6 anos), sendo os dois mais velhos, Kaíque e Cássio, os que mais sonham com as conquistas que podem vir com o sucesso nessa modalidade esportiva.  

Carolina, Kaíque e Cássio sonham com o sucesso no esporte Foto: Foto: Igor Albuquerque 

“Eu espero que meus filhos se tornem grandes profissionais do tênis, mas se eles forem grandes pessoas já está bom também. Até porque grandes pessoas eles já estão se tornando, com a disciplina passada pelo professor Léo. Eu agradeço muito a ele pelos ensinamentos que eles levarão pra vida. Eles aprendem que o ganhar e o perder fazem parte da vida”, explicou Carol. 

Para o pequeno Cássio Rodrigues, o sucesso e, consequente, o retorno financeiro que terá, dará para ele a oportunidade de retribuir todo o bem e todo o cuidado que a sua mãe sempre teve com ele. 

“Eu quero ser igual ao Alcaraz – Carlos Alcaraz é um tenista espanhol ex-número um do mundo – para poder dar uma casa para minha mãe que sempre cuidou muito bem de mim”, disse emocionado o menino. 

Já para Kaique Rodrigues, o importante foi sair do tédio e nas aulas de tênis encontrou também a sua felicidade. Ele que também é fã de Carlos Alcaraz, sonha em fazer parte do Ranking Mundial e, com seu bom reflexo e boas jogadas, conseguir ir longe no esporte. 

Leonardo e Luila conduzem o projeto de tênis no Vidigal Foto: Igor Albuquerque   

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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