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Crias do Vidigal, atletas do bodyboard compartilham experiências de vida a partir do esporte

Jerry Soares e Frederico Rigor tornaram da profissão um estilo de vida

O bodyboard começou no Havaí em 1971 com Tom Morey que lançou a primeira prancha, a Morey Boogie. Ele foi tão importante para o esporte que até hoje muitas pessoas ainda chamam a prática esportiva pelo nome da prancha que ele inventou. Evidentemente que Tom Morey não foi o inventor desse esporte ou arte de fato. Existem relatos datados do século 15 que falam de polinésios surfando deitados. As pequenas tábuas rudimentares eram consideradas as pranchas do povo, já que apenas para a realeza era permitido surfar em pé.

No Vidigal o bodyboard chegou não somente como um esporte e sim como um estilo de vida e atravessou gerações. Nos anos 80 toda juventude da comunidade queria aderir ao estilo da “galera do bodyboard”. Aquela garotada bronzeada, de cabelão parafinado, que usava seus relógios “shark” e que calçava “naurú”.

“Foi a melhor época da minha vida. Foram muitas viagens, festas, amizades novas e eu estava junto dos meus grandes ídolos”, disse Jerry Soares sobre os anos 80 (época áurea do bodyboard).

Nos anos 90 muita coisa mudou e o estilo de vida da comunidade acompanhou toda essa mudança. O que não mudou foi a paixão por esse esporte e isso fez surgir novos adeptos dessa prática esportiva. A proximidade com a praia do Vidigal e de São Conrado, que oferecem ótimas condições para o esporte, também ajudou muito na sua popularização.

Nesses mais de 50 anos de existência e mais de 40 anos desde a sua chegada no Vidigal, o bodyboard conquistou incontáveis corações e acabou virando profissão para alguns adeptos mais apaixonados. Dentre muitos outros crias do Vidigal, dois que mais se destacaram, cada um na sua época, foram Jerry Soares e Frederico Rigor.

“Tudo na minha vida é baseado no bodyboard. Minha vida, minha profissão, meus amigos, meu jeito de ser. Bodyboard me faz ter coragem para viver os dias mais difíceis e também me faz acreditar em grandes sonhos. Se eu sou capaz de pegar uma grande onda, também sou capaz de conquistar grandes coisas que já sonhei e superar grandes problemas”, Frederico Rigor.

Jerry, hoje com 57 anos, foi um dos pioneiros do bodyboard no Vidigal e foi o primeiro do morro a se tornar profissional da modalidade. Já Fred (42) mesmo vindo de outra geração manteve viva a tradição de surgirem grandes talentos na prainha do Vidigal e também se tornou um profissional “free surfer” (atleta que não participa de competições oficiais, mas é remunerado para testar/desenvolver equipamentos e também para divulgar grandes marcas pelo seu ótimo desempenho nas ondas).

Jerry também falou com saudosismo sobre como era a sua vida de bodyboarder profissional.

“Quando a gente viajava nos anos 80, a galera era muito unida. Éramos como uma família mesmo. Nos eventos brincávamos muito na praia e à noite íamos para a danceteria nos divertir. Tenho saudades dessa galera, da Glenda (Kozlowiski), do (Guilherme) Tâmega, do Fábio Aquino, Daniela Freitas, Xandinho Pontes (em memória), irmãs Nogueira, Marcelo Pedro e muitos outros”, finalizou o veterano das ondas.

Frederico guarda na memória a sua primeira grande conquista que obteve com esse esporte que tanto ama.

“Eu sempre quis ir pro Tahiti, na Polinésia Francesa. Eu lembro que no primeiro dia que cheguei estava uma chuva e um vento muito forte. Eu tava com meu grande amigo Paulo Barcellos. Sempre quis conhecer aquele lugar e quando eu me vi ali naquele lugar, com aquelas ondas, admirando aquelas montanhas, foi um momento mágico”, contou Fred.

Encontro de gerações nas ondas da Prainha do Vidigal
Foto: Igor Albuquerque / Voz das Comunidades

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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