Em 2002 fez um curso profissionalizante para cabeleireiro, mas só em 2003 o barbeiro ficou mais perto de ser o empresário que hoje já atendeu clientes como os cantores Ferrugem e Dilsinho. Depois de uma passagem pelo exército, agência de automóveis e academia, todas paralelas ao serviço de corte realizado no andar de cima da casa, viu que já dava para viver só do seu talento. Pegou dinheiro emprestado com a tia e comprou o material básico para atender as pessoas. “Não era nada, mas à medida que o dinheiro foi entrando, fiz uma obra e levantei as paredes da laje. Fiz um salão pequenininho e foi quando tudo começou a bombar. Tinha dias em que eu ficava 16 horas por dia cortando cabelo sozinho”.
Até 2011 a rotina foi assim. O volume do trabalho deu retorno financeiro suficiente para o jovem realizar o sonho da casa própria e até uma troca de carro. No entanto, o preço foi o cansaço e a exaustão. “Como não era uma loja, era um salão em casa, as pessoas iam em qualquer dia e hora pedindo para cortar o cabelo. Havia domingos em que batiam na minha porta às oito horas da manhã. Acabei ficando muito desgastado e mal psicologicamente”. Foi aí que ele decidiu procurar outro caminho. Pensando em abandonar a tesoura, a irmã mais nova sugeriu que se inscrevesse no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para surpresa do próprio candidato, foi aprovado com nota boa. Começou a cursar pedagogia na FAETEC.
No meio da faculdade, em 2014, achou que devia tomar uma decisão. Continuar cortando cabelo ou investir na graduação? Clayton não abandonou a faculdade, que concluiu no ano passado, mas começou a pensar e pesquisar o conceito de barber shop. Muito presente nos Estados Unidos, mas sem manifestação por aqui até então. “Eu vi que era o que eu já fazia, mas melhorado. Juntei dinheiro e decidi que precisava de outro lugar para transformar meu sonho em realidade”. Em 2015 abria a primeira “Cool Barbearia”, na Rua Ari Leão 30. Clayton tinha certeza de que tudo ia dar certo – e deu. “Foi o maior sucesso quando lançamos. Tinha gente que parava na porta da barbearia só para olhar”. A ideia de Clayton agora é vender franquias da Cool e fazer um projeto de formação de barbeiros para jovens. “Sou um empreendedor social” – finaliza.