O mundo dos negócios pode ser tradicionalmente masculino – e branco – mas na favela o ritmo muda! Na Expo Favela Innovation do Rio de Janeiro, encontramos três mulheres de diferentes lugares que fundaram empresas de diferentes segmentos. Todas elas estão como expositoras no evento.
Natasha Francisco, de 31 anos, é turismóloga e cria da favela Camarista Méier, no Engenho de Dentro, Zona Norte. Ela fundou a ‘Localiza 021’, que surge no início de 2020, com o objetivo de empretecer os passeios turísticos que acontecem no Rio de Janeiro e fomentar a economia do subúrbio e favelas cariocas.
Agência de turismo? Com diversos prêmios em pouco tempo, a ‘Localiza 021’ é na verdade uma plataforma de experiências turísticas afrorreferenciadas, explicam Natasha e Karina Procópio, 37, administradora e suburbana de Colégio, que também faz parte da empresa.
“Em 2022, o mercado do turismo movimentou cerca de R$ 52 milhões, mas esse dinheiro não está girando no subúrbio. A ‘Localiza 021’ não nasce para competir, mas complementar a experiência do turista, com guiamentos na Pequena África, Engenho de Dentro, Méier e Madureira, por exemplo”, explica Natasha.
Rafaela Gomes, de 25 anos, é uma paulista que mora na Mangueira, Zona Norte, há sete anos. Ela é a fundadora da ‘Xodó Patú’, uma confeitaria de doces veganos e inclusivos que nasce em 2020.
“Eu descobri que há muitas crianças com intolerância à lactose e glúten, então a ‘Xodó Patú’ vem também para não limitar o paladar dessas crianças. Para além dos ingredientes e preços mais acessíveis, pretendemos democratizar a informação ensinando a substituição de ingredientes”, explica Rafaela, que vai iniciar um curso de confeitaria vegana com foco na inclusão e sustentabilidade.
A Zona Oeste também se fez presente, com as bolsas de Sandra Portella, também conhecida como A Negona. A empresária de 55 anos é do Conjunto Campinho, em Campo Grande, e relembra que, em 2006, se encontrava desempregada, tendo que cuidar de seu filho com hidrocefalia. Atualmente, com 9 funcionárias, ela se divide nas atividades de sua marca própria de bolsas e também como fornecedora da franquia Parceria Carioca.
Ela pontuou que foi após uma reportagem do RJ TV sobre como os pequenos empreendedores estavam sobrevivendo na pandemia que sua empresa estourou. “Eu fazia umas 6 bolsas e do nada tive que fazer 200! Cheguei a faturar R$ 4.500 um determinado mês”, relembra.
“Em 2019 eu fiz um curso que nos disponibilizava tecidos da Farm. E foi quando eu comecei a confeccionar bolsas. Mas eu não sei costurar, sou do crochê. Então, comecei a me especializar em outras formas de fazer crochê e hoje sou conhecida por essas bolsas de tecido com as alças de crochê – Bolsa Origami”, explica Sandra, que trabalha somente com tecidos originais da Farm e africanos de Moçambique.