Conheça Laveself, lavanderia 24 horas que funciona nas favelas do Rio

Fundado por Jonata Anjos, serviço é totalmente automatizado e está disponível para moradores da Rocinha, Vidigal e Leme
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

O Rio de Janeiro é uma cidade de contrastes, onde a modernidade e as dificuldades sociais convivem lado a lado. Em meio a essa complexidade, o fenômeno do empreendedorismo nas favelas se destaca pelas ideias inovadoras que emergem na comunidade, . E uma dessas ideias é de Jonata Anjos, 29 anos,  fundador da rede de lavanderias 24 horas Laveself.

Jonata é um exemplo de como a criatividade, a determinação e a capacidade de enxergar oportunidades podem transformar. O que começou com uma simples quebra de máquina de lavar roupa, atualmente é um empreendimento presente em mais de três favelas do Rio e se tornou uma solução uma solução eficaz para centenas de pessoas nas favelas cariocas.

O Início: Da quebra de uma máquina ao sonho de empreender

Jonata nasceu em Ilha das Flores, um pequeno município no interior de Sergipe, com pouco mais de 8 mil habitantes. Sua trajetória até chegar ao Rio de Janeiro foi marcada por desafios, mas também pela determinação de mudar de vida. Ele chegou na cidade em 2015 e para garantir o sustento, trabalhou em hostels e outros serviços temporários, para poder ter onde morar.

Com a vontade de empreender, tentou de tudo um pouco: abriu uma floricultura, trabalhou com cosméticos, tentou a sorte com ovos de Páscoa e até criou uma agência de turismo. Mas nenhum desses negócios decolou como ele esperava. As coisas não estavam indo tão bem quanto esperava, até que um dia, em sua casa , a quebra de sua máquina de lavar roupa se tornou o ponto de virada de sua vida.

“Eu estava em casa, quando fui colocar roupas para lavar e  a máquina simplesmente parou de funcionar. Eu olhei para aquilo e pensei: ‘Eu preciso de uma solução para isso’. Não tinha muita grana para consertar a máquina, e lavar roupa na mão não era uma opção viável. Foi aí que a ideia surgiu, quase que de forma espontânea: por que não abrir uma lavanderia que fosse mais acessível e prática para as pessoas, especialmente para quem vive nas comunidades?”, conta Jonata, lembrando do momento que mudou sua vida.

Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

A visão de Jonata não se limitava a criar uma lavanderia comum. Ele queria algo que atendesse às necessidades da comunidade, fosse prático, econômico e, acima de tudo, acessível. Ciente de que no Rio de Janeiro, a vida nas favelas é muito diferente da realidade das zonas mais centrais, soluções convencionais nem sempre atendem às demandas de quem vive nessas áreas.

A Laveself: Um modelo inovador de auto atendimento 24 horas

Com a ideia na cabeça, Jonata começou a planejar sua lavanderia. Mas ele não queria seguir o modelo tradicional. Pensou em algo mais moderno e ágil, onde o cliente não precisasse interagir com atendentes e onde pudesse ter uma experiência rápida e eficiente. Foi assim que nasceu o conceito da Laveself, uma lavanderia 24 horas com autoatendimento, que funciona de forma totalmente automatizada.

Em vez de precisar lidar com caixas e processos burocráticos, o cliente simplesmente chega à lavanderia, coloca as roupas no cesto, escolhe a forma de pagamento no totem e aguarda que uma das máquinas seja alocada para realizar o serviço. Os preços são fixos – R$15 para lavar ou secar –, e o cliente não precisa se preocupar com sabão ou amaciante, já que esses produtos estão incluídos no processo. As máquinas lavam as roupas em 30 minutos, e a secagem leva 45 minutos. Simples, direto e acessível.

A primeira unidade da Laveself foi instalada na comunidade da Rocinha, uma das maiores e mais conhecidas favelas do Rio de Janeiro. E, desde o início, o modelo foi um sucesso. “A primeira vez que vi a reação das pessoas usando a lavanderia, foi algo muito gratificante. Elas ficavam surpresas com a rapidez, a praticidade e, claro, o preço acessível. Esse foi o maior reconhecimento que eu poderia ter. Eu sabia que estava no caminho certo”, diz Jonata, enquanto caminha entre as máquinas em funcionamento, monitoradas em tempo real pelo seu celular.

Com a primeira unidade funcionando bem, Jonata não demorou a expandir. Ele abriu outras lojas em comunidades como o Vidigal, Rio das Pedras e Leme. E, mesmo nas unidades que não possuem atendentes físicos, Jonata garantiu que o atendimento ao cliente fosse feito via WhatsApp e câmeras de segurança, com suporte em tempo real. Essa abordagem garante que, mesmo sem atendentes no local, os clientes sempre recebam o auxílio necessário.

Transformando a vida nas favelas

Nas favelas, onde muitas vezes os serviços são escassos, a Laveself tem se mostrado uma solução eficiente e acessível. Para Jonata, além de oferecer praticidade, a lavanderia contribui para a saúde e o bem-estar dos moradores, proporcionando um serviço de qualidade que muitos não teriam acesso de outra forma. “Muitas pessoas aqui nas comunidades têm dificuldade até para comprar sabão em pó ou amaciante, e muitas vezes acabam lavando as roupas de forma inadequada, sem os produtos certos. O que a Laveself traz é não só um serviço de lavanderia, mas uma oportunidade de cuidar melhor da saúde, com roupas mais limpas e bem tratadas”, explica Jonata, que vê sua empresa como uma forma de ajudar as pessoas a terem um padrão de vida mais digno e saudável.

Além disso, Jonata acredita que a Laveself tem o poder de transformar a percepção das favelas e das pessoas que vivem nelas. Ele vê sua empresa não apenas como um negócio, mas como um movimento para mostrar que as comunidades têm muito a oferecer, não só em termos culturais e artísticos, mas também no campo do empreendedorismo e da inovação. “Eu acredito que as favelas são locais de grande potencial. Não podemos olhar para elas apenas pela ótica da violência. Existe um imenso talento e empreendedorismo acontecendo aqui, e o que a Laveself faz é mostrar que é possível criar soluções inovadoras para as necessidades da comunidade”, afirma.

O Futuro: expansão e novos desafios

Hoje, Jonata busca expandir ainda mais suas lojas. Sua missão vai além. Ele já planeja abrir novas unidades da lavanderia em diversas outras comunidades do Rio de Janeiro, expandindo cada vez mais seu modelo de negócio. Jonata pretende abrir uma nova unidade no bairro Tijuquinha, na Zona Oeste da cidade, ainda em 2024, e outras unidades estão previstas para os próximos anos.

Além disso, o proprietário da Laveself segue acreditando que o empreendedorismo é um dos caminhos para transformar as realidades das favelas. Para ele, é preciso mais investimento, mais apoio e mais oportunidades para que outras pessoas, como ele, possam mudar a realidade  das periferias e conquistar seus próprios espaços no mercado e no mundo. “O Rio de Janeiro é uma cidade cheia de oportunidades, mas é preciso enxergar essas oportunidades nas favelas também. Estamos aqui, com a Laveself, provando que é possível criar negócios de sucesso dentro dessas comunidades. E eu quero que mais jovens da favela acreditem que podem fazer o mesmo”, finaliza Jonata.

A Laveself está presente nos seguintes endereços:

  • Rocinha – Estr. da Gávea, 452 – Gávea, Rio de Janeiro – RJ, 22451-272
  • Leme – R. Anchieta, 19 – Leme, Rio de Janeiro – RJ, 22010-070
  • Vidigal – R. Pres. João Goulart, 806 – Gardênia Azul, Rio de Janeiro – RJ, 22450-243

No Instagram, a Laveself tem um perfil ativo no LaveSelf Lavanderia (@laveselflavanderia) • Fotos e vídeos do Instagram. E para contato, o telefone é (21) 9 9530 8600

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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