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Chocolate bom e criativo é o segredo do sucesso

Para microempreendedores de favela, período de Páscoa é um ótimo momento para alavancar as vendas
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Mal saímos de uma temporada de Carnaval e estamos entrando na Páscoa. Sim, o calendário de um ano bissexto deixou todo mundo com o cronograma bagunçado. Mas é isso. Não tem para onde fugir. Com isso, esse momento tão saboroso será celebrado no final de março. A data que é uma comemoração cristã já toma conta das lojas e ruas de comércios ao redor do nosso país. E não seria diferente nas nossas favelas. 

E cria que é cria sabe que o que temos de melhor é a nossa forma de inovar e acompanhar novas tendências, não é? Os doceiros(as) que se cuidem! Porque as demandas já estão chegando a todo vapor. Afinal de contas, quem ousaria dizer que não gosta de chocolate? 

Bruna Lopes, 32, dona da “Loukas por Doces”
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Conversamos com a Bruna Lopes, 32, moradora do Complexo do Alemão, e dona da “Loukas por Doces”, sua doceria que está em atuação no mercado há mais de 9 anos. Ela nos contou um pouco sobre como é esse período de vendas e também falou dos desafios que é se programar para temporadas de alta demanda de trabalho

“Olha, a Páscoa é uma data muito simbólica e especial. Sabemos que há uma expectativa muito grande em cima do nosso trabalho e também criamos projeções de vendas, ou seja, que teremos um bom retorno financeiro, o que nem sempre acontece “, contou a microempreendedora.

Tem sido comum ver nas redes uma variedade de doces e ovos de chocolates durante a temporada de “caça aos doces” mais brasileira que existe. E, para se destacar dentro dessa turma, a Bruna sabe muito bem como ser criativa, dinâmica e inovadora. 

“Eu me sinto muito desafiada quando vejo pedidos chegando e com isso eu me dedico para dar o meu melhor na confecção de novos doces ou chocolates, mas confesso que na minha opinião os doces tradicionais não tem erro. Eu mesma amo. Claro, há sempre uma demanda ou outra de pedidos inusitados.”

No último ano, o Data Favela divulgou um estudo que mostrou que há um desejo comum do profissional que é: empreender. O estudo mostrou a preferência dos 2.423 entrevistados, que sinalizava que 35% querem ter um negócio próprio, 12% passar em um concurso e 10% conseguir um emprego.

Engana-se quem acredita que empreender é algo fácil, principalmente quando a disputa não acontece somente entre as lojas e profissionais locais. Há também uma falta de valorização local, como contou a nossa entrevistada. 

“Uma das maiores dificuldades que vejo nesse ramo dentro da favela é a ausência de uma credibilidade dos próprios moradores. É bem comum ver a turma indo procurar ofertas em mercado ou em marcas de fora, quando na verdade temos um trabalho de excelência e qualidade aqui dentro. E de fato isso acaba sendo algo que tira o estímulo às vezes”, desabafa Bruna. 

A produção dos ovos é caseira e feita com toques de amor e carinho
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Visando o futuro, perguntamos a dona do Loukas por Doces o que ela sonha para os próximos anos e quais dicas ela daria para uma pessoa que está querendo investir na área.

“O meu maior sonho hoje é dar uma maior qualidade de vida para meus filhos e minha família através do meu trabalho. Aconselho a quem está começando agora a sempre buscar conhecimento, estudar muito e se dedicar na área. E, claro, colocar amor em tudo o que você faz, independente da quantidade de clientes que você tenha. O trabalho é árduo, mas quando é feito com amor a recompensa vem em dobro” finaliza.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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