A manhã de votação nas favelas do Vidigal e Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro e também, Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, contaram com uma organização dos funcionários do TRE – RJ (Tribunal Regional Eleitoral), e com o atendimento rápido. Entretanto, mesmo com a agilidade, muitas pessoas que precisaram de atendimento especial.
O Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, segundo os dados divulgados pela pesquisa divulgada pelo IBGE e MDHC. Mas muito se engana sobre o termo acessibilidade se destina apenas para pessoas com deficiência, outros corpos e perfis, entram na prioridade de atendimento na hora de votar, dentre eles: idosos, com mobilidade reduzida, gestantes, lactantes e pessoas com crianças de colo.
Ana Alice Souza, 72 anos conta como foi chegar até a Escola Municipal Almirante Tamandaré, no Vidigal. Ela que é moradora de Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio. “Sai às 7 horas de casa. E só cheguei aqui agora (por volta de 9h30)”, detalhou dona Ana Alice, que usa bengala para caminhar. Ela também contou que a ficou um pouco perdida para achar a escola que vota.
“Eu votava aqui num primeiro andar, ai mudou pra lá pra cima. É errado, porque a gente tem que andar pra coisa, tem que subir”, reclamou ela da mudança de sessão e da falta de acessibilidade no local.
Fernando Tadeu Cunha de 34 anos, é surdo. Ele se comunica através de LIBRAS e também do português escrito. Eleitor do Colégio Stella Maris, localizado no pé do Vidigal, ele relatou sua dificuldade ao votar, pois nunca teve interpretação em libras nas escolas que ele votou. E isso dificulta seu direito ao exercício da cidadania.
Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades
Questionado sobre a importância do seu voto, ele diz: “Importa sim! E espero que criem uma acessibilidade. Que tenha alguém que saiba a Libras na seção já faz sentido para mim. Já fui votar com o número”, exemplifica sobre a acessibilidades às urnas.
Ângela Alexandrino Baptista, 35 anos, grávida, estava acompanhada do marido para descer os degraus da escada da Escola Municipal Alphonsus Guimarães, localizada na CDD, Zona Oeste do Rio. A dificuldade de locomoção dentro da escola foi apontada por Ângela. “Deu um pouquinho de trabalho para subir e também para descer porque força os ossos do quadril! Mas fora isso, na sessão eu fui bem atendida, foi rapidinho. Foi só a dificuldade mesmo das escadas”, comentou.
Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades
A instituição tem elevador, mas estava parado. Segundo as informações do mesário, o primeiro andar era destinado ao atendimento prioritário, mas só poderia ter direito ao recurso quem avisasse antes à Justiça Eleitoral.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o eleitor com deficiência ou quaisquer limitação pode requerer a transferência do local de votação para uma seção com acessibilidade que possa atender melhor às suas necessidades, como uma seção instalada em local com rampas e/ou elevadores. Isso pode ser feito no cartório eleitoral até 151 dias antes das eleições.
Até 90 dias antes do pleito, os eleitores com deficiência que votam em seções com acessibilidade poderão comunicar ao juiz eleitoral, por escrito, suas restrições e necessidades, para que a Justiça Eleitoral providencie, se possível, os meios e recursos destinados a facilitar-lhes o exercício do voto.