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Moradores continuam pedindo melhorias para o posto de saúde no Vidigal

Através de abaixo-assinado, moradores pediram uma nova clínica no Vidigal, mas não há previsão de implementação de outra unidade de saúde
Os moradores esperam o atendimento do lado de fora da unidade. (Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)
Os moradores esperam o atendimento do lado de fora da unidade. (Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

No Morro do Vidigal, o Centro Médico de Saúde (CMS) Rodolpho Perisse continua sem conseguir atender a toda a população. Localizado na Avenida Pres. João Goulart (a principal via do Vidigal), o posto é a única unidade de saúde que atende toda a comunidade e o espaço não comporta o atendimento. Como se não bastasse esse problema, a equipe do Voz das Comunidades também constatou a falta de acessibilidade para a clínica de odontologia.

O Censo de 2010 registra que quase 13 mil pessoas moravam no Vidigal. Atualmente, esse número é bem maior. A Associação de Moradores no Vidigal defende ter registros de quase 100 mil habitantes na comunidade. Embora tenham três equipes completas para atendimento, o número de moradores na comunidade cresceu nos últimos anos. E isso impacta diretamente no posto de saúde. A população já fez abaixo-assinado solicitando a implementação de um nova clínica da família, mas não houve avanços.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) até fez uma pesquisa de possíveis locais para implementar uma nova unidade, mas não passou disso. Alguns moradores que conversaram com nossa equipe explicam que muitos preferem pagar plano de saúde e apenas tomam a vacina no local.

O problema não é o atendimento da clínica e sim a falta de espaço

Glaucia Barros tem 36 anos e mora na comunidade há dois. Seu filho de 18 anos é uma pessoa com deficiência e recebe atendimento no Vidigal. “Eu tenho um filho com hidrocefalia. Eu nunca consegui nada em clinica nenhuma. Aqui meu filho tem tratamento”.

Glaucia teme que a clínica feche por causa das reclamações, mas pontua. “Melhorar o quê? O Eduardo Paes vai vir aqui, vai dar uma pintadinha, vai tirar uma fotinha e vai embora, igual ele faz em todas as clínicas. Limpar um ar-condicionado é mole pra ele. Quero ver ele crescer e não deixar faltar medicamento”, pontua.

Cintia Souza, de 25 anos, cria do Vidigal, conta que o atendimento demora. “A comunidade tá crescendo e eles não estão acompanhando. Poderia ter um planejamento familiar. Muitas vezes a pessoa vem aqui e fica horas pra ser atendido numa emergência. Da minha área, a gente vem aqui as vezes e não tem médico. A gente não consegue marcar consulta pra ginecologista, por exemplo”.

Miriam Esperança, mora há cinquenta anos no Vidigal, ela também acompanha de perto a situação do posto com a mãe de 88 anos que tem problemas circulatórios e cardíacos. “Eles fazem visita domiciliar mas se tiver as três equipes no consultório não tem espaço para as enfermeiras trabalharem.” conta.

Miriam e Glaucia defendem que não adianta um morador só fazer uma mobilização. “A história de fechar o posto de saúde é pra jogar um contra o outro”, opina Miriam. Já Glaucia desabafa. “Não vai ser só eu e ela que vamos colocar uma clínica grandona!”

Miriam já mora cinquenta anos no Vidigal e viu a clínica ser construída. “O posto foi construído com mutirão, a sede da associação foi construída com mutirão… Então será que o prefeito não consegue fazer um posto de saúde no Vidigal? Na Zona Sul do Rio de Janeiro? A favela chique vai ficar sem saúde mais um mandato?”, questiona.

A Secretaria Municipal de Saúde informou em nota que o Centro Municipal de Saúde Rodolpho Perisse recebeu “melhorias e reformas nos últimos dois anos” mas que “O prédio, no entanto, não tem possibilidade de ampliação física para dar mais conforto aos usuários”.

A SMS diz ainda que está procurando um novo espaço porém não informa se tem uma previsão para acontecer a implantação de uma nova unidade de saúde no Vidigal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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