Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
O Projeto Ginastas do Futuro planeja retomar as atividades, depois de mais de 1 ano parado por conta da pandemia. Professores, pais e alunos falam sobre o projeto e da ausência que o esporte faz durante o período de isolamento social.
Os projetos sociais de comunidade sempre lutaram muito para se sustentarem, pois não têm apoio das autoridades públicas, funcionando na sua maioria de forma independente. Com a chegada da pandemia, a situação ficou complicada para muitos. Com o projeto Ginastas não foi diferente. Fundadora do projeto, a professora de Educação Física, Michelle Sandes, há 10 anos atua no Complexo do Alemão e adjacências, dando aulas de ginástica rítmica para crianças, adolescentes e jovens, de forma gratuita. O projeto que já foi parar na Europa, realizando grandes apresentações, hoje se encontra com as atividades suspensas. “Tentei manter por um tempo as atividades online, até que não deu. Durante a pandemia não fizemos muito movimentos, até por não termos um espaço físico, e muitas meninas não serem daqui das redondezas. Além de não termos condições de manter a higienização, máscaras, álcool em gel. Com isso decidi manter as aulas online”.
Contudo, as aulas virtuais também tiveram que ser interrompidas, por fatores conhecidos por muitos moradores de favelas, como falta de internet de boa qualidade, pais desempregados, ausência de aparelhos eletrônicos (celular ou computador) para participar das aulas. “Tem sido tenso. Eu não consegui alcançar elas. É frustrante. Mas dentro das possibilidades, fomos caminhando”, comentou Michelle.
A maior ideia do projeto é atuar também em outras áreas importantes da formação do atleta, enquanto cidadão, usando o esporte como um caminho para isso. “Aqui englobamos tudo: assistência social, aulas de formação de pautas atuais de problemas sociais. A intenção é fazer um acompanhamento delas, dentro e fora dos treinos. Tudo é movimentado no amor, mas sem dinheiro fica difícil também. Todos aqui são voluntários que acreditam no projeto.”. A escola de samba Imperatriz Leopoldinense, por meio do ex- presidente Luizinho Drumond, cedeu espaço ao projeto e durante a pandemia também ajudou muitas famílias de alunas, com doação de cestas básicas.
Mãe de duas atletas do grupo, Débora Maia é moradora da Comunidade Águia de Ouro, em Del Castilho, também na Zona Norte, e comentou sobre a relevância das Ginastas do Futuro. “O projeto é muito importante na vida das minhas filhas, pois abriu novos horizontes, novas expectativas de vida, além de realizar sonhos. No ano de 2019, uma das minhas filhas teve a oportunidade de ir pra Europa, representar o Brasil através do esporte, e isso foi maravilhoso, um sonho impossível de acontecer com base em nossa realidade de vida”.
Em junho o projeto planeja tentar retomar as atividades presenciais, e busca parceiros para ajudar com equipamento de proteção e segurança de saúde, máscara, gel e termômetro. Para conhecer mais sobre o Ginastas do Futuro, basta buscar nas redes sociais.