Música é o que não falta na favela. Pagode, samba e funk ganham sem dúvidas no quesito popularidade seguidos pelo rap. Mas a favela produz de tudo e a sonoridade não seria diferente. Também tem rock e R&B sendo feito por crias de favela.
Estefane Bér, de 24 anos, é cria da Grota no CPX, no último dia 13 de junho lançou a música ‘Fácil Assim’. Ela conta que a música sempre esteve presente na vida e tem a memória afetiva ver sua mãe faxinando ouvindo o som tocar. Mas foi a partir do incentivo da sua avó — que a presenteou com um violão quando ela tinha 13 anos — que ela começou a tocar de forma autodidata com o tempo e a escrever suas próprias músicas.
Há 7 anos Estefane tem se dedicado à carreira musical mas ainda não é sustentada pela música. Para poder contribuir com as despesas da casa, Estefane precisou retornar para um emprego formal. Atualmente além de trabalhar com a música e fazer shows em bares e eventos. Ela também é garçonete. “Precisei trabalhar para colocar comida em casa “, afirma.
Mesmo sem muito tempo para poder se dedicar a música, por causa do trabalho, a artista vem buscando seu espaço ao longo dos anos. Participou de formação para influenciadores e concurso para ajudar a lançar suas músicas.
Drenna e o rock dela
A banda Drenna existe há 11 anos, mas o sonho de fazer rock surgiu muito antes quando Drenna Rodrigues, cria da Fazendinha, viu o guitarrista Slash da banda Guns’n Roses tocando com o Michael Jackson. A partir daí ela começou a tocar com um violão comprado do tio, fez aulas no Sesc de Ramos e na Escola de música Heitor Villa Lobos. Já passou por muitas bandas querendo ser a guitarrista principal, até que decidiu fazer suas músicas autorais e criar sua própria banda.
A banda Drenna já tocou no espaço favela no Rock In Rio, faz shows em outros estados, mas no CPX não consegue fazer apresentações. Drenna diz que o rock não chega na favela e que deveria ter mais espaço para as pessoas conhecerem. “Tem que ter mais diversidade, a favela tem diversidade mas precisa ser mostrada”, afirma a cantora.
Há dificuldades enfrentadas por músicos de favela, para Estefanie as oportunidades são mais escassas. “Às vezes as pessoas não dão informações ou não fazem pontes que fariam para os outros”. O rock ainda passa por um preconceito pelo estilo de liberdade que é pregado na música. “Por muito tempo o rock ficou conservador, mas tem uma galera jovem que tá voltando a origem que é a liberdade para ser quem quer e se expressar como deseja” afirma Drenna.