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Reabertura da Upa Manguinhos já!

Os moradores, coletivos, movimentos sociais, militantes se colocaram na luta, indo às ruas para fazerem as cobranças devidas de reabertura da unidade

Fotos: Fala Manguinhos

Os problemas nunca param, as dificuldades só aumentam e, quando pensa que não pode piorar, aí é que piora, e muito. A Unidade de Pronto Atendimento de Manguinhos (UPA Manguinhos) teve seu fechamento na madrugada do dia 6 de janeiro de 2021, em meio a uma pandemia mundial.

Quem é o culpado? De quem é a responsabilidade da UPA? Já pararam para pensar quem é que responde por cada serviço fechado em Manguinhos? Isso é importante, muito mesmo, porque para cobrar, devemos procurar conhecer quem está por detrás de tamanhas faltas para nossa favela. No caso, da Unidade de Pronto Atendimento em Manguinhos, é a Prefeitura, órgão municipal, que está na administração desse serviço para população.

Com desculpas de troca de contratos de mudanças de direção, é fechada a unidade de atendimento pela atual prefeitura, por consequências da antiga gestão do prefeito Crivella. A UPA recebe por dia em torno de 300 a 400 pacientes, ou seja, bem mais de 9 mil pacientes que não terão esse direito de acesso à saúde pública na favela de Manguinhos, Jacarezinho e outros bairros que recorriam ali.

Manguinhos

A atual gestão da prefeitura, Eduardo Paes, com seu secretário de saúde Daniel Soranz, apresentou como resposta uma possibilidade de abertura, mas que só ocorreria final do mês de janeiro ou logo no início de fevereiro. O real problema é que nem fechar podiam, o que dirá manter fechada por tanto tempo assim, porque saúde é um direito que não deve ser negado, não pode ser tirado, é inalienável.

Desse modo, as pessoas que eram atendidas pela UPA fechada, sobrecarregam unidades próximas, como a UPA de Engenho Novo, sendo prejudicial para o atendimento de outras unidades. Vejam o quão complicado é para nossa população cuidar de sua saúde, não se pode nem ter esse direito garantido.

Entre brigas de poderes, quem reabre, quem assume, quem consegue dar conta da UPA Manguinhos, fica a favela no meio disso precisando de seus atendimentos, idosos que faziam tratamentos, pessoas acidentadas, com COVID 19, entre outras doenças, ficam à mercê do descaso.

Os moradores, coletivos, movimentos sociais, militantes se colocaram na luta, indo às ruas para fazerem as cobranças devidas de reabertura da unidade, porém até agora sem respostas efetivas, a UPA continua fechada, a luta segue firme a busca de respostas e concretização de ações, não podemos concordar com essa situação.

“A situação do fechamento da UPA em si mesmo é algo muito grave! Agora somemos um contexto pandêmico, racista, patriarcal, de múltiplas crises provocadas pelo capital, com movimentos de lideranças políticas no sentido de esvaziar o SUS, isso tudo num território marcado pela suspensão dos Direitos, é desolador! Que sejamos impulsionados pelo espírito revolucionário, movidos pela doçura e solidariedade, de um lado, assim como pelo  rigor e força contra os fascistas de nosso tempo”, fala André Lima, usuário da Upa e Conselheiro local de Saúde.

O morador e servidor da Fiocruz, Leonardo Bueno, nos mostra o quão é imprescindível a reabertura da Unidade. “Reabrir a Upa nesse período de pandemia em um território como Manguinhos é obrigação, independente da responsabilidade maior pelo fechamento ser da gestão Crivella. Obrigação de qualquer governo que tenha como prioridade a vida de sua população”.

Patrícia Evangelista, usuária da UPA, trabalhadora da Fiocruz e coordenadora da OMA (Org. Mulheres de atitude) – Patrícia Evangelista – diz também que, “O secretário Municipal de saúde Daniel Soranz não levou em conta a pandemia e a precariedade da rede de saúde do município do RJ. Sem transparência ou justificativa razoável fechou a UPA Manguinhos, onde os moradores de Manguinhos e adjacências estão desde o dia 06 de janeiro sem poder contar com o atendimento da UPA Manguinhos, que foi fechada de forma arbitrária pela secretaria de saúde, para atender seus propósitos enquanto gestor. É lamentável esse tipo de atitude de um gestor público, pois milhares de atendimentos deixaram de ser feito nessa importante unidade de saúde, quando percebemos que toda essa ação do secretário foi para atender apenas suas vontades e intenções pessoais. Nós, usuários dessa upa exigimos sua reabertura imediata Sr. Secretário”.

Entendemos também, que não é por falta de mobilização, nem de pessoas, porque tivemos manifestações, reuniões, um movimento nas redes sociais usando a “#upamanguinhosabertajá” que movimentou vários moradores e pessoas parceiras, mas o problema maior é pela ausência de nossos governantes pela coerência e agilidade por parte dos gestores, na urgência de resolução dessa situação absurda.

As últimas notícias com relação a reabertura da UPA Manguinhos foram bem sucintas, estão recebendo as propostas das Organizações Sociais, que se abreviam em OSs para aprovarem uma delas e entregarem a responsabilidade de reabertura, para isso tem um processo seletivo, para analisarem documentação, planos, entre outras questões, até mesmo de valores, para só então aprovar e começar o tramite de reabertura, ou seja, ainda vai demorar se não houver uma fiscalização e pressão em cima do andamento pela prefeitura.

Por outro lado, segundo o jornal O globo de (25/02/2021) o caso foi parar na justiça federal, determinando reabertura imediata da unidade, em até 72 horas. Só acreditamos vendo, vamos esperar os próximos dias.

Por fim, já se vão quase dois meses de UPA Manguinhos fechada, um caos na saúde, precisamos continuar a cobrar e pressionar para que seja retomado esse direito, porque é um dever da Prefeitura atender ao território reabrindo sua unidade de saúde, deixando-a preparada para receber seus pacientes e suas demandas de acordo com o que se espera da mesma.

Texto originalmente publicado no site Fala Manguinhos por Paloma Gomes, professora SME/RJ, colunista, militante e voluntária do território de Manguinhos.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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