Pré-vestibulares populares no Alemão enfrentam dificuldade para manter aulas por falta de educadores voluntários

Cursinhos +Nós e Jovelina Pérola Negra buscam voluntários para garantir acesso de jovens periféricos e de favela ao ensino superior
Projetos educacionais no Complexo do Alemão enfrentam escassez de professores e pedem apoio voluntário para manter aulas preparatórias para o vestibular (Foto: Divulgação)

Mesmo sendo fundamentais para o acesso de jovens periféricos ao ensino superior, os pré-vestibulares +Nós e Jovelina Pérola Negra, localizados no Complexo do Alemão, enfrentam sérias dificuldades para manter as aulas por falta de educadores voluntários. A situação preocupa coordenadores e alunos, que seguem resistindo para manter o sonho universitário vivo.

“Hoje, a principal urgência é conseguir professores voluntários para disciplinas como Redação, Física, Química, Matemática e Português. Sem isso, o andamento das turmas fica comprometido”, alerta Leanderson Guedes, coordenador dos dois projetos.

Criado a partir da auto-organização de estudantes sem acesso a cursinhos pagos, o pré-vestibular +Nós funciona no território desde 2019 e hoje está sediado no espaço cultural Oca dos Curumins. Já o cursinho Jovelina Pérola Negra, estruturado por estudantes da UERJ, teve início em 2024 e também funciona na Oca. Ambos são gratuitos, voltados a moradores do Alemão, e contam com grande participação de jovens afetados pelas falhas do Novo Ensino Médio.

“A maioria chega com grandes defasagens. São jovens sonhadores, mas marcados por um ensino médio que falhou em prepará-los para provas como o Enem e o vestibular da UERJ”, explica Leanderson.

Foto: Divulgação

Além da falta de educadores, os projetos lidam com a ausência total de financiamento público, o que dificulta até mesmo questões básicas como passagem, lanche e infraestrutura dos espaços. A violência territorial e a estrutura precária dos locais também são obstáculos constantes.

Leanderson cita o caso de Gabriela Oliveira, aluna de 2024. “Ela era tímida, mas muito presente. Aos poucos foi ganhando confiança. Quando nos reencontramos depois, ela me agradeceu e disse que aquelas aulas mudaram sua vida. É por isso que continuamos. Cada professor que chega faz a diferença.”

Os projetos estão com inscrições abertas para educadores voluntários. No Jovelina Pérola Negra (clique aqui), as aulas acontecem aos sábados, em período integral. No +Nós (clique aqui), de segunda a sexta, das 19h às 21h. Interessados podem entrar em contato diretamente com os coordenadores dos cursinhos.

“Educação transforma. Mas, para continuar transformando, a gente precisa de apoio. Cada pessoa que se dispõe a dar aula aqui ajuda a construir futuros”, conclui Leanderson.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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