A Pequena Lótus nasce a partir de um pedido de ajuda de um menino que já estava se envolvendo com o tráfico e queria encontrar outros caminhos para sua vida. A semente foi plantada, fazendo com que a fundadora Bruna Araújo percebesse a importância de estar ali. A iniciativa ganhou vida quando, de forma espontânea e orgânica, um grupo de cinco amigos se reuniu para organizar uma festa de Dia das Crianças na localidade Selva de Pedra, no Complexo de Senador Camará, Zona Oeste do Rio, que superou todas as expectativas.
O projeto busca agregar e desenvolver adolescentes e crianças, para que possam fazer escolhas reais e que desejam um futuro diferente do que lhes era apresentado. Entendendo que é o início de uma transformação. “Todo mundo diz que a criança está no tráfico porque escolheu, mas quando você não tem opções e nem sabe que elas existem, você não está fazendo uma escolha”, afirma a fundadora.

A instituição oferece uma variedade de atividades, como pintura e arte urbana, alfabetização, teatro, aulas de informática, modelagem 3D, arte digital e um programa escolar focado na recuperação do déficit educacional das escolas, além de passeios culturais. Com o tempo, o projeto recebeu o apoio de diversos parceiros e artistas, que enriqueceram o ambiente com intervenções de arte urbana. O local conta com um espaço de convivência, com ping-pong, videogame é uma área pensada para promover o bem-estar dos jovens. Há também um grupo de 26 voluntários que se dedica às ações. A equipe da Pequena Lótus garante o atendimento integral, acompanhando de 20 a 30 alunos.
Ao levar as crianças para fora do território e ajudá-las a ocupar o espaço de forma plena, é fundamental oferecer as ferramentas necessárias para isso. Por isso, há uma complementação na educação escolar, na saúde e no apoio às famílias. Trabalhar juntos para garantir uma vida saudável para os adolescentes e crianças.
Para integrar as crianças à rotina, existe uma primeira etapa de criação de vínculo para que as famílias se sintam à vontade. Além disso, a conscientização é uma parte importante do processo: os documentos como a carteira de vacinação e o boletim escolar, com presença mínima de 90% são exigidos. Tudo o que for relevante para o desenvolvimento da criança é colocado como uma regra para que ela continue no projeto.
O impacto no futuro é que Senador Camará seja reconhecido pelas suas conquistas, com a ONG sendo a porta de entrada. O objetivo é oferecer um espaço onde as pessoas possam buscar apoio, se aprimorar e, assim, se tornar agentes de transformação para outros. As mudanças se mostram quando os alunos cobram responsabilidade uns dos outros e eles já sonham com coisas maiores para suas vidas.
Fernanda Mendes e Gustavo Venancio, ambos de 16 anos, fazem as aulas diárias do programa escolar e atividades complementares há mais de um ano. Gustavo diz que sonha em entrar em jornalismo na UERJ em 2027 e Fernanda mostra seu talento ao vender três obras de pintura ao participar de um leilão organizado pela Pequena Lótus.