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Penha completa 105 anos de muita história: o bairro é conhecido por abrigar um cartão-postal e pelas festas populares

O bairro da Penha é terra da fé, de grandes talentos do futebol e também de muita tradição popular
Igreja da Penha. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Chão dos fiéis, das festas populares e de grandes talentos no futebol, como Adriano Imperador. A Penha, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, cativa os moradores e visitantes. Neste 22 de julho, completa 105 anos de existência. O que mantém sua fama ao longo desses anos é sua cultura, seja pela Festa da Penha, realizada sempre em outubro, pela vista incrível do alto da igreja e acima de tudo, pela sua gente.

Pertencente à Zona Leopoldina, a região é vizinha dos bairros Penha Circular e Olaria. A localidade está próxima do centro, da Zona Oeste e até mesmo, da Baixada Fluminense. A mobilidade urbana aumentou com a circulação dos BRTs no bairro da Penha.

Rua dos Romeiros 

Rua dos Romeiros. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades
Rua dos Romeiros. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

O local é um centro comercial que existe desde o começo dos anos 1900. Em uma lanchonete em frente à estação de trem da Penha, há na parede uma foto que data de 1941. A Rua dos Romeiros, com aspecto preto e branco, dá indícios da estrutura dos comércios e lojas naquela época. 

No começo da rua, se encontram as estátuas de mestres de capoeira, Touro e Dentinho, jogando e dançando. Continuando na mesma calçada, o pipoqueiro que trabalha há 25 anos naquele ponto com seu carrinho diz sobre a Rua e também sobre a Penha. 

Moisés Albuquerque, morador da Penha há 50 anos. E atua na Rua Romeiros há 25 anos como pipoqueiro, conta:

“Eu moro, eu me criei aqui. Eu criei meus filhos vendendo pipoca. A importância do nosso bairro é maravilhosa, é um ponto turístico, né? Aqui recebemos muitas visitas quase igual ao Pão de Açúcar. Nós temos nosso espacinho aqui da nossa igreja aqui na terra, entendeu?”, mostra como o patrimônio da igreja movimenta a economia local. 

O pipoqueiro Moisés da Rua dos Romeiros. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades
O pipoqueiro Moisés da Rua dos Romeiros. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Lembra Moisés da Festa da Penha: “E aqui na Rua do Romeiros, aqui, era aquele monte de barracas, tudo acesa com luzes, e aí os ônibus iam tudo escrito, a festa da pena, e hoje em dia a festa da pena é mais como antigamente, né? Sim. Agora só em cima [se referindo à Igreja da Penha]”, a memória viva daquele chão e das festas grandiosas da Penha.

Parque Shanghai

Bernardo, diretor do Parque Shangai. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

O Parque Shanghai tem 60 anos de permanência na Penha, ganhou apelido de Parque da Penha para os íntimos. Bernardo Waller, diretor do Parque Shanghai, conta um pouquinho da história do parque de diversões:

“O parque começou em São Paulo em 1910, e rodava o Brasil todo, e aí quando veio pro Rio de Janeiro, veio pra onde é hoje o Aeroporto Santos Dumont, e aí de lá a gente foi pra Quinta da Boa Vista, na Quinta da Boa Vista também a gente passou uma temporada, quando aí surgiu a oportunidade de vir aqui pra Penha, pra fazer a festa da Penha, que na época era uma festa muito concorrida no Brasil, tipo, a gente não sabia qual a festa mais importante, tipo, se era o carnaval ou a festa da Penha. E aí, depois que a gente veio fazer a festa da Penha aqui, a gente ficou aqui que já estamos há 60 anos aqui na Penha”, resume Bernardo sobre o processo de existência no bairro.

E continua, o diretor do parque: “Com o bairro sobre esses 105 anos do bairro. É, então, além dos 105 anos do bairro, o Shangai, por coincidência, também vai fazer 105 anos. A gente é o parque mais antigo em operação do Brasil. A gente ganhou esse prêmio na Itália de parque mais antigo em operação. O bairro, acho que hoje o Shangai é a penha, e a penha é o Shangai.”

“Começou com 5 brinquedos, hoje tem 28 brinquedos. Aqui a gente resgata as brincadeiras, crianças correm e nem ficam no celular, nosso público alvo é para crianças de até 10 anos. Conseguimos continuar a tanto tempo pela nossa credibilidade e também, pela cultura da zona norte, as pessoas fazem aniversário aqui trazem bolo, salgadinho e vão distribuindo pelo parque para outras crianças, você só vê isso na Zona Norte,” o parque continua existindo por causa da tradição e pela tradição.

A economia que circula e retorna para a Penha: “Hoje a gente tem, o nosso quadro de funcionários são 80 pessoas dentro de operação, auxiliar de manutenção, limpeza, enfim. E quase 100% dos nossos colaboradores são do bairro da Penha. Então a gente busca isso também dá prioridade para pessoas que são do bairro. A gente abre de quinta a domingo. Quinta e sexta, das 18 às 22 horas. Sábado, domingo e feriado, das 15 às 21 horas”, informa o diretor do Shanghai.

Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha de França

A Igreja da Penha como é conhecido o santuário possui uma escadaria de 382 degraus esculpidos na pedra de 111 metros de altura, visto por vários lugares do Rio de Janeiro e até mesmo em Niterói, a paróquia se tornou símbolo e cartão-postal da cidade. Com um fluxo grande de pessoas, dentro do templo tem caderno de visitas e em média são de 150 a 200 pessoas visitando o espaço. A museóloga da igreja, Jussara Cestari, conta um pouco do processo de construção do monumento:

“A história da igreja da Penha começa em 1635, com o proprietário das terras da região, que lhe foram concedidas em 1613, para o capitão Baltazar de Abreu Cardoso. Em 1728 é organizada por um grupo de fies a Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha de França. No ano de 1870 a Irmandade resolve demolir a pequena igreja e no ano de 1870 concluída a obra da nova igreja”, detalha Jussara sobre o primeiro momento da igreja em cima do penhasco.

“Em 1900 passou por obra de embelezamento. A igreja da Penha ultrapassa a religiosidade, a igreja é um monumento da cidade do Rio de Janeiro. A beleza e importância religiosa, social e cultural do Santuário a coloca na categoria de monumento religioso, histórico e cultura da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, o que lhe conferiu ó tombamento em 21 de junho de 1990 pela Prefeitura do Rio de Janeiro”, a museóloga mostra a importância do patrimônio para a cidade.

Casal Rodolfo e Mônica nas escadas do santuário. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

O casal Rodolfo Luzia e Mônica Tomáz, 37 e 35, moradores do Morro da Caixa D’Água, localidade dentro da Penha. Conta porque estavam visitando o templo: “A vista é linda, daqui de cima dá pra ver tudo! O pôr do Sol é bonito, porque hoje estava nublado, não deu para ver direito! Mas aqui sinto uma paz, uma tranquilidade, devemos conhecer as coisas que tem perto da gente. Olha que incrível, sempre que tivemos oportunidades, estamos aqui”, conta empolgada a Mônica. Rodolfo complementa: “Somos evangélicos, viemos aqui porque é bonito e tem muita história, aqui [Penha] é onde eu nasci, cresci, onde estão minha família. E agora, é o lugar que crio minha família”, conta emocionado sobre a história do seu lugar.

“Aqui tem um pulmão verde, agora tá abandonado, mas antigamente o Parque Ari Barroso vivia lotado. Era bom para as famílias, aniversários, piqueniques, churrasco e muito mais. Muito espaço aberto para as crianças brincar, e era tudo família, temos que conhecer as coisas que tem perto da gente. Sempre que posso vou na Arena Dicró lá tem muita cultura, minha filha faz aula de passinho e gosta de ir pra lá”, orgulhosa Mônica comenta sobre outros pontos positivos dentro do bairro.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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