Remoções nas comunidades do Rio de Janeiro afetam vários personagens de formas diretas dentro do contexto social. Antigamente, o centro da cidade era o principal local onde pessoas eram retiradas de seus territórios. Agora, a zona oeste é uma região vista pelo mercado imobiliário. A partir desta situação, mas partindo de uma perspectiva de quem sofreu com as remoções, a peça “Retalhos de uma Favela” trata de histórias de personagens que foram atingidos por esse movimento.
O espetáculo é escrito e dirigido por Rudson Martins, da Vila Vintém, que traz a importância de falar sobre a questão social das comunidades para as próprias comunidades. “Agente entendia que a gente precisava fazer um trabalho teatral que fosse do nosso público para o mundo. Da Zona Oeste para os demais lugares. Então olhando o nosso território, a gente começou a buscar algumas histórias”. “Retalhos de uma Favela”, de acordo com o diretor, parte do documentário Remoção de Luiz Antônio Pilar e Anderson Quack. Após assistir ao filme, Rudson começou um processo de pesquisa sobre o fato. “A gente começou a se aprofundar. Eu comecei a pesquisar um pouco mais e escrevi esse roteiro. Ele é baseado nesse documentário, mas a gente trouxe uma outra perspectiva. A gente trouxe da perspectiva daquele povo que tava lá no Morro do Pasmado”.
“Retratos de uma Favela” é uma produção totalmente independente, sem quaisquer patrocínios. Construída através de festas e eventos promovidos pela equipe da Cia. de Teatro Megaroc, a peça já percorreu teatros da rede NetRio, em Bangú, e uma temporada de sessões lotadas no Teatro Zimbinski, na Tijuca. “O público se reconhece muito com a história. Tem gente que está indo assistir o espetáculo cara pela décima vez”, relata Rudson, que considera um alto ponto significativo para com o público é que as pessoas levam parentes com mais idade para verem um trecho de suas histórias retratada na peça.
Jefferson Batista, 21 anos, é integrante do espetáculo. Para ele, a identificação do público com a história que contam e com as críticas que fazem ao poder público é algo que emociona.”A troca da gente para com o público é primordial. A peça fala sobre detalhes e pessoas que são reais. Quando estamos ensaiando é uma coisa, mas quando estamos diante da platéia e alguém tá identificando aquele personagem, seja um amigo ou vizinho ou um parente, é muito mágico. Dá sentido para o que estamos fazendo.
“Retalhos de uma Favela” está em exibição o Teatro Municipal Café Pequeno (Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon, Rio de Janeiro), toda terça, às 20h. Os ingressos custam entre R$10 e R$30 e podem ser adquiridos por ESTE LINK. É possível acompanhar a peça através do Instagram no perfil do “Retalhos de uma Favela”. Novidades sobre outros espetáculos da mesma produção, podem ser acompanhados no perfil da Megaroc.