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Os olhares de idosos do Alemão e Vidigal sobre os desafios e reinvenções nas favelas

Seu Sidney e dona Francisca mostram alegria de chegar na terceira idade
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio de Janeiro tem o segundo maior número de idosos do Brasil, um total de 18,8% dos habitantes, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul, que tem 20,2% de idosos no estado. 

Essas estatísticas são pessoas, que nas favelas esbanjam longevidade. Sidney Freitas de 74 anos é um exemplo disso. Morador do CPX há 47 anos, ele não só viu a favela se transformar com o tempo, como colaborou para as mudanças com as próprias mãos. Quando as Comissões de Luz acabaram e a Light passou a fornecer energia direta para os morros, seu Sidney foi o responsável por instalar a fiação elétrica no Alemão. 

“Foi aqui que eu descobri o que era favela. Mudou muito! Aumentou a quantidade de casas. A olhos vistos, dá para perceber tranquilo. Aquele lado da Alvorada era tudo aberto. Veio UPP, veio teleférico. A transformação foi imensa, mas não a necessária para o desenvolvimento da comunidade”, relata Sidney. 

Neste ano, o eletricista aposentado iniciou a fisioterapia no Instituto Movimento e Vida, que oferece o serviço gratuito para moradores do Complexo do Alemão. A atividade física tem ajudado em sua mobilidade física de maneira que, aos 74 anos, ele consegue até correr. 

Ao longo de 12 anos, ele atua como colaborador do Instituto Raízes em Movimento, que promove ações socioculturais no Complexo do Alemão desde 2001. Em toda organização social independente, é fundamental ter pessoas que acreditam na evolução do projeto mesmo com altos e baixos. No Raízes, Seu Sidney é uma dessas figuras.

Do outro lado do Rio de Janeiro, Francisca da Silva, de 74 anos, também se movimenta na terceira idade. Nascida em Alagoa Nova, na Paraíba, ela mora no Vidigal há 28 anos. Quando chegou no morro, a falta de água era um problema permanente. Para lavar roupas, tomar banho e fazer comida, ela subia até o Biroscão (ponto de coleta de água na parte alta do Vidigal) com seus baldes. 

Hoje, a água chega na torneira. Porém, acessar  saúde ainda é um processo demorado no Vidigal. Dona Chiquinha conta que já esperou cerca de três horas para uma consulta médica. Em meio a tantos desafios, ela encontra na arte um refúgio, está estudando teatro no Nós do Morro. Ela chegou no grupo com a intenção de matricular seu neto de 9 anos nas atividades artísticas e acabou se matriculando também.

“Eu tinha vontade quando eu era pequena de entrar em uma aula de teatro. Só que meus pais não podiam pagar. Quando eu cheguei aqui [no Vidigal] que consegui, já com 50 e poucos anos. Eu adoro o teatro. Mexe muito com o corpo da gente”, conta Dona Chiquinha.

Do Vidigal ao Alemão, Seu Sidney e Dona Chiquinha mostram que a  terceira idade é marcada por desafios. A saúde e a disposição podem não ser as mesmas. No entanto, a vontade de viver traz um renovo para trajetórias marcadas pelas transformações do tempo.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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