7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro I – supostamente – soltou o famoso grito de “Independência ou morte?” ao povo brasileiro. Entretanto, o rompimento da ligação do Brasil com Portugal só foi validado internacionalmente em 1825.
Historicamente, a independência foi um processo iniciado em 1808, quando Dom João VI, então príncipe de Portugal, chegou ao Brasil. Sete anos depois, deixamos de ser uma colônia de Portugal. Durante o processo, desde que a família real chegou, foram muitas mudanças e avanços na estrutura. Dentre elas, a abertura dos portos, legalização do comércio com os ingleses, criação de bibliotecas e museus para incentivar a cultura e desenvolvimento de uma pequena imprensa.
Mas houve, de fato, independência?
A independência custou caro aos cofres do Brasil: foram 3 milhões de libras esterlinas pagas à Inglaterra, valor de uma dívida que era, originalmente, de Portugal. Sendo assim, uma falsa liberdade foi construída desde o início da independência, uma vez que o país apenas mudou a mão que o controlava. Até hoje há métodos de dominação praticados por países mais ricos, como os Estados Unidos.
O Brasil deixou de ser colônia e tornou-se independente no papel, mas na prática não. Continuamos, ainda em 2020, sendo fonte de exportação de matéria-prima, enquanto os países mais desenvolvidos produzem materiais tecnológicos de alto valor de mercado. É fraco o nosso poder político, diplomático e financeiro para nos impormos como nação.
Os lados do nacionalismo
Um ponto importante na construção do Brasil pós-colonial foi o sentimento de nacionalismo. O desejo dos brasileiros de terem um autogoverno para que as riquezas daqui parassem de ser roubadas chegou a derrubar o rei Dom Pedro I. A construção da nacionalidade “brasileira” é um ponto reforçado pelo dia 7 de setembro.
Entretanto, também dentro do assunto independência e liberdade, o nacionalismo já foi usado contra o próprio povo brasileiro. No século XX, o Brasil viveu 21 anos sob um governo de Ditadura Militar, que usava slogans, propagandas e outras ferramentas de comunicação com o objetivo de fortalecer o sentimento de pertencimento à nação. Frases como “Brasil, ame-o ou deixe-o” eram comuns. Este sentimento foi reaflorado recentemente, com os discursos ideológicos do Jair Bolsonaro, que usa do sentimento nacionalista o para radicalizar e fortalecer uma cultura eugenista repleta de racismo.
Portanto, a independência do Brasil passa por muitos pontos e é um processo de transformação social presente até os dias atuais. Não dá para falar em ser independente em um país que vende terras da sua maior riqueza natural, a Floresta Amazônica; ou que continua atrasado e dependente dos produtos industrializados de outros países. Tampouco podemos ver políticos usarem o Supremo Tribunal Federal e a Polícia Federal para perseguir inimigos ou permitir que usem o AI-5 para ameaçarem o povo brasileiro.
Se episódios assim continuarem acontecendo, naquele 7 de setembro, em resposta ao suposto grito de “Independência ou morte?” de Dom Pedro I, o a escolha do povo teria sido a morte de uma forma lenta e dolorosa e mascarada de liberdade.