O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data que historicamente destaca as conquistas sociais, políticas e culturais das mulheres de forma universal. No entanto, é importante reconhecer que as experiências das mulheres não são uniformes, pois as mulheres negras, em particular, enfrentam desafios únicos e interseccionais devido à ligação entre gênero e raça.
Esses obstáculso permeiam diversas esferas de suas vidas, desde o acesso às oportunidades educacionais e econômicas, até questões de saúde e segurança que são enfrentados dia e noite. Situação essa que ocorre principalmente por mulheres moradoras de áreas periféricas que sofrem com a desigualdade social latente, combinada com a precariedade dos serviços públicos.
Desde o fenômeno histórico da escravidão, as mulheres negras se organizam elaborando estratégias e ferramentas de sobrevivência que reverberam até hoje na forma da organização do movimento feminino negro. Esse, por sua vez, reivindica a igualdade racial e de gênero, por mais representatividade políticas nos cargos de poder e por inclusão de políticas públicas direcionadas e efetivas.
Para além da luta incansável por tantos direitos, é necessário que as mulheres negras se apropriem e não abandonem o Bem-Viver, conceito que se alinha às tradições indígenas, pleiteando outra forma de vida com mais equilíbrio e que reúna práticas e saberes ignorados pelo modelo político dominante. O conceito foi defendido numa carta em 2015, na Marcha das Mulheres Negras, como proposta política que reivindicava o protagonismo, o reconhecimento das mulheres negras e um novo modelo de sociedade.
Apesar do tempo, a pauta do movimento segue com o mesmo propósito coletivo, trabalhando por um pacto civilizatório para uma sociedade mais justa, diversa e inclusiva, ora com avanços ora com retrocessos.
Novos desafios surgem, novos cenários se configuram, mas com a certeza que ainda há muito trabalho a ser feito para garantir que as mulheres negras sejam respeitadas em suas particularidades e representadas nas decisões políticas e sociais.
Etel Oliveira
Mãe da Gabriela
Amante do Samba
Mulher do Axé
Escritora nas horas vagas
Jornalista
Pedagoga – Educadora Social e Jornalista
Articuladora de projetos sociais e culturais.
Coordenadora Pedagógica e Administrativa do NICA Jacarezinho
Promotora Legal Popular pela UFRJ Membra do Conselho deliberativo da Escola de Samba Império Serrano
Integrante do Sarau Vingando Ismênia
Coautora no Livro A poética da resistência e do e-book Laboratório de Narrativas Femininas