No dia 15 de janeiro, Gabriela Santos, diretora do Voz das Comunidades, se reuniu com Tainá de Paula, secretaria do meio ambiente e clima da Prefeitura do Rio de Janeiro para conversar sobre o estabelecimento de um observatório de calor no Complexo do Alemão. O objetivo é para monitorar e analisar as condições climáticas que atuam na região. O estudo contará com a participação de outras instituições.
Com resultados de estudos, será possível criar estratégias de mitigação e promovendo ações climáticas. Sob a coordenação da Secretaria de Meio Ambiente e Clima, o Voz das Comunidades entraria como parceiro institucional na ação, que também visa reunir especialistas locais. A estratégia busca visibilidade de em grandes eventos que discutem o clima, como o G20, que ocorre este ano no Rio de Janeiro e futuras COPs.
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Foto: Reprodução
Entre as etapas do processo, estão Análise Climática que visa identificar áreas vulneráveis às ondas de calor no Complexo do Alemão, sobretudo na Serra da Misericórdia e padrões de vento marial e terral e Criação do Observatório de Calor que objetiva estabelecer uma parceria formal com a universidade local para coordenar e conduzir a pesquisa, convidando especialistas locais.
“Um observatório de calor localizado numa das já sabidas maiores ilhas de calor do Rio vai nos ajudar a ter mais instrumentos pra combater o desconforto climático”, diz Tainá de Paula
A Secretária de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio de Janeiro, Tainá de Souza, comenta que o projeto funcionará como uma grande ferramenta de cruzamento de dados de outros setores, conseguindo estabelecer áreas de ação. “Poderemos saber quais são as áreas e quais são as pessoas que estão sofrendo com o calor excessivo. Poderemos saber quais áreas e ações que podemos atuar para atuar de ações de controle e mitigação”. A secretária explica que a mitigação é a principal atividade de minimizar os danos causados pelas mudanças climáticas. “As mudanças climáticas ainda estarão ocorrendo. Não temos como alterar a temperatura do planeta. Mas é importante que construamos uma agenda de minimização dos efeitos dos gases do efeito estufa e aumento de temperatura”. Como exemplo, Tainá cita estratégias de arborização, melhor urbanização das cidades, casas com circulação de ar e áreas verdes dentro das favelas.
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Foto: Arquivo Pessoal
“A gente precisa colocar a favela no contexto de inovação”
A reunião do G20 é em novembro e a Tainá vê como uma grande oportunidade fazer com que os países vejam a necessidade de investimentos internacionais em estratégias diante das mudanças climáticas para o Rio de Janeiro. “No G20, vamos apresentar o balanço tanto de nossas emissões quanto de nossas ações para a minimização dos impactos das mudanças climáticas aqui no Rio de Janeiro. Nossa meta, até o G20, são estabelecer e realizar ações, mas também precisamos de recursos, já que não conseguimos fazer essas ações sozinhos. Então a nossa ideia é que o Rio de Janeiro, principalmente a Secretaria de Meio Ambiente e Clima seja uma das maiores interlocutoras da necessidade de nós falarmos do financiamento climático.
O meio ambiente no Plano de Ação Popular do CPX
Construído a partir de perspectivas de moradores das favelas do Complexo do Alemão, o Plano de Ação Popular do CPX é um documento que reúne uma série de demandas da comunidade que podem se transformar em políticas públicas. A agenda aborda as particularidades do Complexo do Alemão, incorporando elementos concebidos de maneira colaborativa com outras favelas, visando interesses sociais de abrangência ainda mais ampla.
O meio ambiente é um dos temas tratados pelo Plano de Ação Popular do CPX. Apresentando o tema, o documento destaca que a necessidade que de a favela precisa de um ambiente seguro, limpo, agradável e sustentável. O documento também detalha uma pesquisa realizada com os moradores sobre o meio ambiente dentro do cenário. Dos que responderam à pesquisa, 93% disseram que os rios do bairro são sujos e poluídos. Para 38%, a Aparu da Serra da Misericórdia (uma grande área verde no Complexo do Alemão) não é preservada.
Para Alan Brum, professor e coordenador do Plano de Ação Popular do CPX, existe a necessidade do desenvolvimento de ações relacionadas às mudanças climáticas que funcionem de forma efetiva dentro das favelas.
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“As favelas são os locais são os lugares com os maiores impactos porque envolvem uma questão econômica na ocupação destes espaços, a falta de políticas públicas, etc. O Plano de Ação Popular propõe e pode possibilitar mudanças estratégicas e significativas para os espaços periféricos”.
“O Plano de Ação Popular já tem articulado várias ações na área ambiental”, diz Alan Brum
Alan ressalta que atividades já estão em andamento a partir do plano de ação na perspectiva do meio ambiente. Ele destaca a rede de hortas comunitárias do CPX. “São cinco organizações que já tem desenvolvido a produção de alimento saudável, sem agrotóxicos, a partir da agroecologia urbana. E também já está andamento a ampliação deste trabalho.” Ele revela que a Pedra do Sapo, no Complexo do Alemão, receberá uma horta comunitária em um terreno liberado pela Light e que a construção será em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio de Janeiro. O Centro de Educação Multiprofissional (CEM), no Complexo da Penha, também receberá uma horta comunitária. “Além da redes de hortas, também temos o trabalho de fortalecimento de produção ambiental e coleta seletiva de resíduos sólidos. Este trabalho está em estágio avançado de implementação e é um trabalho colaborativo com Secretaria de Meio Ambiente e Clima, Ministério da Justiça e o Ministério da Igualdade Racial”.
As ações dos impactos das mudanças climáticas seguem firme entre instituições e prefeituras do Rio de Janeiro. O Instituto Raízes em Movimento integra as atuações através da Intervenção Integrada Urbana Socioambiental e Climática dentro do Complexo do Alemão, especificamente na Travessa Laurinda. O estudo reúne dados e ações do que está sendo realizado, além do que ainda pode ser feito na favela. O documento completo pode ser acessado no link abaixo. O Plano de Ação Popular do CPX também está disponível para consulta.
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