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O Brasil precisa de maior atuação da juventude na política

A maturidade de uma nação está intrinsecamente ligada aos espaços de participação política que são propiciados à sua juventude para lutar por direitos

Foto: Patrícia França / Divulgação
Por: Salvino Oliveira para PerifaConnection, na Folha de S.Paulo

No mês em que comemoramos o Dia Internacional da Juventude, em 12 de agosto, é preciso aquecer o debate a respeito das questões basilares relacionadas a esse grupo social.

Criada pela ONU em 1999, um dado tem como objetivo principal a conscientização das novas gerações de seu papel para o desenvolvimento e futuro do planeta.

No Brasil, as pautas mais urgentes que envolvem os mais jovens são as oportunidades educacionais, a empregabilidade, a precarização das relações de trabalho, o encarceramento, a saúde mental ea desigualdade social.

Para discutir sobre os espaços ocupados pela juventude de maneira qualificada, é preciso se atentar para as necessidades e direitos que perpassam os problemas acima. Quando isso acontece, identificamos essas questões como propulsoras e limitadoras das fontes individuais e coletivas dos nossos jovens.

Nesse contexto, fica cada vez mais claro que a preparação de políticas públicas voltadas para, de fato, cumprirem o papel transformador na vida da juventude brasileira está necessariamente fundamentada na participação das gerações mais novas no seu processo de ideação, implementação e avaliação.

Tal atuação não deve ser apenas acessória, mas sim ter um caráter de protagonismo, trazendo aqueles que se enfrentam como mazelas sociais para o centro dos debates. Em outras palavras, é colocar o conceito de lugar de fala na prática.

Em ambientes marcados por vulnerabilidades sociais e pela luta diária em prol da prioridade, como favelas e regiões periféricas, é urgente a necessidade de lançar luz sobre o fato de que o desenvolvimento do país é atravessado pela liberdade da disputa de narrativas no âmbito político.

Dessa forma, a maturidade de uma nação está intrinsecamente ligada aos espaços de participação de política que são propiciados à sua juventude para lutar por direitos.

A mudança política participação social e engajamento jovem, mas só será factível a partir da criação de ágoras, que democratizem o acesso da juventude nos espaços de debate público e ir trazê-los para a discussão sobre a sociedade que queremos.

De acordo com a pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da Universidade Federal Fluminense (UFF), a média mensal de mortos em operação policial entre outubro de 2020 até o início deste ano superou a dos últimos 14 anos.

Foram 107 mortes por mês. O período do levantamento corresponde ao aumento da violação da determinação do STF de ações policiais em comunidades. A juventude periférica é um dos principais grupos vitimados.

Fica claro que nada é tão empoderador quanto ter sua voz ouvida e perceber os desdobramentos da sua atuação política impactando os rumos da história. Precisamos que esse brilho no olhar alcance a juventude, que eles exercem seu direito à cidadania e a participação política e resultado social no Estatuto da Juventude.

Salvino Oliveira
É morador da Cidade de Deus, integrante do PerifaConnection, gestor público e o atual Secretário de Juventude do Rio de Janeiro

PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, é feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento. Texto originalmente escrito para Folha de S. Paulo.

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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