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Noite das Estrelas: Ocupação artística homenageia história do movimento LGBT+ na Maré 

O evento é gratuito e ocorrerá entre os dias 04 de junho a 09 de julho
Foto: Matheus Affonso
Foto: Matheus Affonso

Homenagear os antigos shows LGBT+ das décadas de 1980 e 1990: este é o objetivo da Ocupação Noite das Estrelas, que será realizada no Conjunto de Favelas da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro, entre os dias 4 de junho e 9 de julho. O projeto é uma ocupação artística nas ruas da Maré, o espetáculo é o fio condutor das obras e ações da Ocupação que acontece nas ruas e nos aparelhos culturais e instituições parceiras, que contará com exposições, impressos, exibição de filmes e várias outras atrações para o público.

Os antigos shows “Noite das Estrelas” atravessam mais de duas décadas de história dentro do complexo de favelas e nasceram do convívio e das festas da comunidade LGBT+ daquela época e caminham até os dias de hoje. O objetivo do evento é celebrar a memória deste movimento e ressignificá-lo com linguagem contemporânea através da oralidade, escrita, performance, dança, teatro, audiovisual e outras tecnologias.

Segundo o diretor Wallace Lino, o objetivo principal da ocupação é trazer a cultura LGBTQIAP+ preta e periférica para o centro do debate sobre arte e cultura da cidade do Rio de Janeiro.

 “O Brasil é um que celebra as brutalidades da população LGBTQIAP+ preta favelada diariamente. Esta ocupação é um sonho coletivo de celebrar nossos afetos, culturas e existência através das linguagens artísticas. Além disso, contribuir para o acesso material e sensível às programações de artes de públicos diversos em específico população da Maré e com o debate sobre a presença de corpos e vivências LGBTQIAP+ pretos e periféricos nas artes pautadas na diversidade e inclusão”, explica.

Paulo Victor Lino, diretor da ocupação, explica como nasce a Noite das Estrelas e seu principal pleito nos espaços públicos, pelas ruas das favelas da Maré. “Os shows nascem na festa junina de Nei, que quis que suas amigas o ajudassem a confeccionar as roupas da quadrilha, tivessem um dia delas no meio da festa. Menga, ao ver o acontecimento, deu o nome ao evento de Noite das Estrelas a esse movimento cultural que, por mais de 20 anos, arrastou multidões para ver as performances das artistas LGBTQIAP+, que traziam em seus gestos, vozes, corpos e movimentos a subversão da ideia e realidade da violência”, explica o diretor.

Paulo Victor ressalta ainda que a cultura LGBTQIAP+ encontrava nas ruas a “vingança” e a implementação de novos sentidos de reexistência transgressora para a cultura carioca. “Agora, em 2023, a Ocupação Noite das Estrelas se volta para esta memória perseguindo as filosofias e cosmovisões pretas para contar, através da homenagem desse movimento das décadas de 80, que ele não morreu”, pontua.

“Ele renasce pelo movimento da ancestralidade, pilar das visões das culturas pretas, onde existir em festa neste território onde a morte é deliberada, inclusive pelo Estado, só é possível pelas estratégias e fugas coletivas destas populações onde a rua é o lugar que mora a nosso palco, revolta e revolução”, acrescenta.

Idealizado pelo Entidade Maré, a Noite das Estrelas é uma produção estética, artística, cultural, urbana e contemporânea carioca através da Ocupação homônima, a fim de festejar e honrar a memória dos shows de 80 e 90 como um movimento histórico de produção de conhecimento sobre as artes; além de expandir a pluralidade de discursos e a representatividade na produção de conhecimentos não neutros. A produção realizou um mapeamento das potencialidades do projeto e, de forma itinerante, passará pelas ruas da Maré, terminando seu trajeto na Quadra da Escola de Samba Gato de Bonsucesso.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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