O Dia das Mães é uma data especial para celebrar o amor, a dedicação e a força dessas mulheres que são exemplos de vida. As mães de família que são moradoras da favela enfrentam diversos desafios e dificuldades no seu cotidiano. Muitas atravessam situações de violência, a falta de serviços públicos e discriminação. Muitas perderam seus filhos para a violência e transformaram suas dores em vozes e lutas em justiça, ao mesmo tempo que servem como lideranças de apoio. Outras buscam alternativas de renda e de empoderamento, contando com o apoio de organizações sociais e comunitárias. Todas elas são exemplos de resistência, coragem e esperança para suas famílias e suas comunidades.
Para comemorar esse dia das mães, o Voz das Comunidades visitou uma personagem que de um dia para o outro precisou se tornar todas as faces de uma mãe. Alexsandra da Silva, de 22 anos, é a mãe das quadrigêmeas Esther, Sophia, Laura e Giovanna.
Um ano atrás, no dia das mães, Alexsandra estava na casa da sua mãe em Minas Gerais, ainda no quinto mês de gravidez. Antes de ter as meninas fazia duas faculdades: contabilidade e Recursos Humanos, mas precisou trancar os cursos para se dedicar totalmente as filhas. Hoje em dia, retornou ao trabalho de supervisora em uma loja de departamento, depois da licença maternidade.
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As quatro filhas estão na creche e quando ela não está no trabalho, se dedica totalmente a cuidar das crianças. “Eu me deixo em segundo plano”, desabafa. Para pagar mais barato no aluguel, Alexsandra se mudou para o Morro da Formiga, na Tijuca, ficando longe de sua família. “Eu me sinto muito sozinha porque antes eu tinha muitos amigos pra ir pra festas, hoje em dia, cadê eles?” Reclama chorando. Ela conta que se não fosse pela amiga Maria Eduarda Lopes, de 19 anos, que conheceu no novo endereço, e a sogra dela, não teria ninguém além do marido Igor da Silva, de 24 anos, que trabalha como vendedor temporário em uma loja.
Alexsandra conta ainda que se sente mais sobrecarregada que o marido mas é compreensiva. “Ele precisa trabalhar”. E por fim, deixa um recado para as outras mulheres. “Peço que tenham mais empatia, porque a maternidade pode ser fácil para umas mas para outras não, a gente tem que ser unidas e nos ajudar” No dia dessa entrevista, Alexsandra ganhou um “vale night” da prima para poder ir ao show do Felipe Rett. Sair a noite é uma das coisas que não fazia a muito tempo.
O Voz das Comunidades realizou uma pesquisa com mulheres no Dia 8 março, Dia Internacional da Mulher e conseguiu ter um reflexo de como vivem as mães de favelas. A pesquisa mostrou que são poucas as mães que tem mais de três filhos. Mas, em maioria, são elas as donas do lar, ou seja, líderes da família que estão na linha de frente garantindo o sustento e a proteção.
Histórias de mães de favela
Mesmo sob tantas dificuldades que encontram pelo caminho, as mães de comunidade acreditam e batalham por dias melhores para sua família toda. O Voz da Comunidades destacou grandes mulheres, mães de família, de regiões periféricas do Rio de Janeiro. Como exemplo, Myrtis Cileni, mãe da Lauany, que foi matéria do jornal impresso do Voz das Comunidades e que enfrenta uma rotina intensa para levar a filha nos treinos de vôlei.
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Outra grande história que o jornal contou foi da Rafaela França, mãe da pequena Maria. A filha é autista e a mãe precisa importar um remédio que custa em torno de R$1.000 para o tratamento de Maria. Rafaela move mundos para ver a sua filha Maria, feliz e contente. Na entrevista para o jornal Voz das Comunidades, Rafaela contou que precisou buscar o melhor para a filha, independente de dinheiro e da substância que fosse. Com determinação e muita ajuda, ela chegou ao tratamento que hoje é a salvação da Maria e de toda a sua família.
O Voz das Comunidades também tem mãe
A fotógrafa Vilma Ribeiro é a mãe em duas casas. Na sua e na Casa Voz, na sede do Voz das Comunidades. Vilma cuida da equipe “como se fossem seus filhos” e sempre está disposta a dar um conselho, abraçar e apoiar os colegas. Muito conhecida no Complexo do Alemão, Vilma Ribeiro está sempre com um sorriso no rosto e pronta para o que der e vier.
As mães que conhecemos e contamos suas respectivas histórias fazem a diferença nas comunidades em que moram no Rio. Mães são exemplos de resistência, esperança e transformação social. Elas merecem todo o nosso respeito e admiração neste Dia das Mães e em todos os dias do ano.