Vestindo alfaiataria de tecidos africanos da Lene Ramos, estava Leo Robusto iluminando com seus cachos ruivos o fim da ladeira do Brizolão da Nova Brasília, no Complexo do Alemão. Com apenas 20 anos, Leonardo Guilherme Araújo dos Santos Pinheiro usa a internet como rede de humor, autoestima e moda – um dia antes da entrevista, o influenciador digital alcançou 12 mil seguidores no Instagram. Hoje, ele é também modelo de uma agência argentina.
Tudo começou quando ele tinha 17 anos. Um evento caótico no Carnaval da Zona Sul do Rio fez com que Leo ‘desse as caras’ nos stories e começasse a contar o episódio que ele classificou como traumático. Foi quando seus amigos perceberam que Leonardo Guilherme tinha jeito com as câmeras e o incentivaram a criar conteúdo.
“Conteúdo de que?”, ele se perguntou. Na época, estavam viralizando os challenges (desafios, em tradução livre) de maquiagem, mas Leo não sabia maquiar. “Aí pensei em um assunto que prendesse a atenção da galera e trouxesse interação. Comecei então a focar em autoestima, body positive (positividade corporal, em tradução livre) e gordofobia”, explicou.
Leo conta que a principal parte positiva de criar conteúdo nessa temática foi: “Comecei a gostar mais de mim, perdi o medo de ser eu mesmo”. Já a negativa: “A exposição, porque muita gente tem preconceito com o corpo gordo e recebi muitos comentários ruins”.
“Eu estudei antes de trazer assuntos sobre gordofobia porque eu nunca tinha ouvido falar, mas eu mesmo sofria gordofobia”, reflete.
Identificação do público
Leo Robusto conta que até hoje lembra quando uma seguidora encaminhou uma foto para ele. “Era uma foto de biquini com um relato dela desabafando que havia conseguido finalmente postar aquele tipo de foto. Ela me disse que sempre teve vontade mas que também sempre teve medo”, relembra.
“Foi ali que pensei: continua!”, disse, pontuando que fica até nervoso com aquele momento por pensar como alcançou alguém daquela forma.
Moda
“A moda é muito importante pra mim e tô me descobrindo muito nela!”, afirmou, dizendo que se inspira na marca francesa Schiaparelli, criada por uma mulher considerada à frente de seu tempo, Elsa Schiaparelli. “Ela faz looks estranhos e eu gosto do excêntrico”, pontua.
Leo pensa em fazer faculdade de Moda, mas também não descarta a Publicidade. Seu sonho é ter a própria grife. “Eu sei que eu vou conseguir e vai ser algo muito diferente do que a galera espera, então vem aí!”, jogou na roda.
“Eu quero atingir todas as pessoas com minha marca, mas principalmente dentro da comunidade. Quebrar o padrão de sempre usar a mesma coisa. Contratar modelos daqui para desfilarem aqui e fazer evento aqui! Um novo olhar para cá”, conclui, reforçando que pensa em uma grife de roupas sem gênero.