Produção: Caio Viana, Lucas Feitoza
E se há cinco anos atrás não tivessem matado Marcus Vinicius da Silva, de 14 anos, em uma operação policial na Maré, hoje quem ele seria? Esta pergunta ficou sem resposta porque Marcus não conseguiu chegar na escola naquele 20 de junho de 2018, nem voltou para casa. A ação policial que causou a morte do adolescente aconteceu na Vila do Pinheiro e contou com apoio das Forças Armadas.
Se estivesse vivo, hoje Marcus teria 19 anos. Talvez ele teria terminado o ensino médio, talvez já estivesse na faculdade ou, no mínimo, trabalhando, porque era vaidoso e gostava de andar bem vestido e com o cabelo ‘na régua’. Marcus Vinicius talvez estivesse morando com sua mãe, Bruna Silva, de 40 anos, que ainda guarda a blusa com manchas de sangue do filho. “Hoje o dia está sendo bem triste e pesado, como todo dia 20 de junho”, desabafa.
Há cinco anos, o caso segue sem uma solução. Segundo informações da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ), o inquérito policial ainda não foi fechado desde 2018 e segue sob sigilo. A família ganhou a causa com direito a indenização, mas o Estado recorreu. Bruna reclama da contestação do governo diante da decisão do magistrado. “O Estado recorreu da decisão porque ele mata mas não gosta de arcar com a morte que eles mesmos cometem”.
Há cinco anos, a mãe luta para que a justiça seja feita. E ela não é a única. Em matérias recentes do Voz das Comunidades, conversamos com mães que são as que mais sofrem com as mortes de seus filhos diante de operações policiais.
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A indenização ainda não foi paga à família. Enquanto isso, o inquérito segue inconcluso, nem os responsáveis pelo assassinato foram punidos. Bruna continua buscando justiça e diz que não vai parar. “Quero tentar federalizar o caso do meu filho. Será que é audácia demais dessa mãe?”
A federalização ocorre quando o estado onde o caso aconteceu passa a ser um dos investigados no processo ou apresenta falhas na investigação. Nesse caso, é preciso que o inquérito da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) seja encerrado e enviado à promotoria. A partir deste ponto, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) consegue acompanhar o andamento.