Entre becos e vielas, o jornal comunitário Fala Roça foi atrás de iniciativas culturais dentro da Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. O mapeamento, que durou quase dois meses, será lançado até o final de junho, em formato de um guia cultural digital.
O objetivo do novo mapeamento é levar informação para os moradores da Rocinha a respeito do cenário cultural existente no morro, mas também colocar as iniciativas no mapa da cidade do Rio para dentro e fora da internet.
Michel Silva, editor do Fala Roça, comentou a respeito da ação. “As pessoas poderão encontrar uma pluralidade de iniciativas culturais que realizam diversos trabalhos e nem sempre são encontrados nas plataformas. O mapa também tem uma função de mostrar para a cidade que a favela tem uma cultura viva, diferente do que é retratada de forma violenta nas mídias hegemônicas”, pontua Michel.
Além de checar a localidade da iniciativa cultural, os agentes do Fala Roça também entrevistaram o responsável e/ou integrante da ação. A partir de um formulário com 11 perguntas, eles mapeiam se a iniciativa é popular, privada ou tem apoio de órgãos públicos e para qual público-alvo é destinada.
Início do mapeamento
O primeiro mapeamento foi feito ainda em 2016, motivado pela “remoção virtual” das favelas cariocas dos mapas do Google. Essa remoção feita pela plataforma atendeu um pedido da Prefeitura do Rio, em decorrência da cidade sediar dois megaeventos: a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016). Na época, o prefeito era o mesmo que o de hoje, Eduardo Paes.
Após a repercussão, as favelas voltaram aos mapas e, agora, o mapeamento cultural da Rocinha conta com o apoio da prefeitura, por meio de edital do Programa de Fomento Carioca (Foca), a Secretaria Municipal de Cultura.