Interdições na avenida Niemeyer prejudicam mobilidade de moradores do Vidigal

Com essa situação, o direito de ir e vir de quem mora na comunidade fica completamente comprometido
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Diversas situações ocasionam o fechamento da Avenida Niemeyer, que fica na zona Sul do Rio. A ciclovia Tim Maia desabou no feriado de 21 de abril de 2016, três meses após a inauguração do trecho que ligava o Leblon a São Conrado. Duas pessoas morreram. Deslizamentos também fizeram com que a avenida fosse totalmente interditada. Um dos mais graves ocorreu em 2019 e fez com que a via fosse completamente fechada por meses. O referido trecho está interditado desde então pela Justiça do Rio. Essa via é de grande importância para o trânsito na região, mas é fundamental para o ir e vir de moradores do Vidigal.

Um dos sentidos da Avenida Niemeyer, o que vai em direção a São Conrado, fecha em todos os dias úteis, das 6h30 às 10h30 da manhã, prejudicando a mobilidade de quem mora no Vidigal, que não pode seguir para a zona Oeste, por exemplo. “Digamos que o morador trabalhe em São Conrado. Ele tem que sair bem mais cedo de casa pois precisa ir para o Leblon e de lá pegar outra condução. Muitos nem têm o RioCard e precisam pagar duas passagens. O mesmo acontece com quem vai para a Muzema, a Alvorada… Crianças que estudam na Rocinha também têm que sair bem mais cedo de casa para ir até a escola. Para a comunidade, é extremamente prejudicial essa interdição”, conta Elaine dos Santos. 

Outra moradora fala sobre necessidades mais urgentes, como atendimento médico. “Atrasa a vida da gente, o trabalho, o médico e etc… ficamos presos. Tem até casos de gente esperando ambulância que não chegava por causa das interdições. Idosa com dificuldade de andar que precisa chegar no médico nesse horário paga o dobro em transporte sem ter condições”, diz Gisele Carvalho.

“Problema maior é fechar completamente nos dois sentidos, pois é a única via de acesso. Quem tem compromisso, desmarca ou chega atrasado e suado, por ter que descer a pé. Os idosos são os que mais sofrem. Nem no feriado ou carnaval a orla da zona sul fecha completamente. Eu me pergunto se os moradores do Joá sofrem tanto com isso quanto os moradores do Vidigal”, conta Tarik Silva Marques.

“A interdição prejudica ir ao Centro de Cidadania Rinaldo Delamare. Não dá para fazer nenhuma atividade no centro esportivo da Rocinha, consultas em São Conrado, Barra. Os alunos que estudam por lá precisam dar a volta, sair mais cedo. Quem trabalha, já pega duas conduções cheias, entre outros transtornos”, relata Conceição Nascimento. 

Moradores pedem ajuda. “Que normalize essa situação pois nós, moradores do Vidigal, sempre estamos sendo prejudicados com a Niemeyer. Já está mais do que na hora dessa situação de reversível acabar pois moramos na zona Sul mas não somos ricos. Quem mora em outro município chega mais rápido ao centro do Rio do que quem mora aqui. O morador toma consciência que tem que cancelar o compromisso ou chegar atrasado. Só não pode ter problema de saúde, pois a morte não espera a avenida abrir”, diz Miriam Esperança.

A Justiça determinou, em sentença, que o trecho da Niemeyer só poderá ser reaberto com atestado de segurança do Crea, vinculado a alguns estudos técnicos de onda. Procurada, a prefeitura informou apenas que os estudos junto ao INPH estão em fase de contratação.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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