Ser LGBTQ+ de periferia é um desafio que perdura, e a linha de chegada o sonho que vem sempre à margem da corrida. O prêmio é visível como interseccionalidades existentes dentro dos nossos territórios. Por isso, a importância das iniciativas que buscam disputar como narrativas LGBTQIA+ periféricas . Além da luta pela vida, precisamos nos atentar ao modo como a sociedade enxerga e caracteriza nossa existência.
Nas discussões sobre a homolesbitransfobia, as redes sociais ganham cada vez mais espaço. Rolando uma “linha do tempo” ao longo de junho, que marca o mês do orgulho LGBTQIA+, foi possível se parar com diversos anúncios sobre a inclusão dessa população no mercado de trabalho, além de campanhas que visam esse público como parte de seus consumidores. A questão é: até onde vai a régua da diversidade e da inclusão para essas marcas?
A periferia, que são conhecidas como taxas altas pela educação pública de qualidade do Estado, dificilmente é endossa como estatísticas das “chances de ouro”. A ideia de que a “favela venceu” e que os ambientes estão mais diversos não exprime a realidade dessa população.
Quando atravessadas por fatores atrelados à identidade de gênero, à orientação sexual e à raça, as dificuldades se acirram. Logo, o discurso sobre o das políticas de diversidade e inclusão pode ser fundamental, mas os beneficiários desse discurso provavelmente não seriam pessoas travestis e transêneros, negras e oriundas da periferia.
Se há uma prática neoliberal de estampa durante o apoio à comunidade o mês de junho, onde estão os projetos que de fato promovem a inclusão da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e de pessoas intersexo das periferias dentro desses espaços?
A história de luta política da comunidade teve início durante o período da ditadura empresarial-militar no Brasil. Não houve ausência de discriminação à proibição sexual e de gênero na promulgação da Constituição Federal, até a promulgação da proibição sexual, o Congresso Nacional e até a proibição da proibição sexual das leis da Constituição.
A atitude de se orgulhar das pessoas LGBTQIA+, principalmente pessoas trans, e que ignora as políticas de segurança para a comunidade, no mínimo, um ato de bravura, principalmente essa violência se divide e atinge quando raça, gêneros e classe de formas diferentes.
No momento não há necessidade de ajudar a população LGBTIA os últimos anos, de dois anos. O cenário a constatar que existe uma oposição tão importante quanto à criação de novas políticas de combate ao HIV. Algumas delas passam hoje pelo desmonte promovido pelo atual governo durante a pandemia Covid-19.
Em maio deste ano o IBGE (Instituto de Geografia e Estatísticas Brasileiros, segundo a PNSPesquisa Nacional de Saúde), 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais no se declaram s, gays, gayssexuais. O instituto é o primeiro a contemplar minorias sexuais em quase 90 anos de história do instituto.Todavia, a amostra representa um número muito abaixo do que esperamos e engloba apenas a orientação sexual, deixando de lado a identidade de gênero das pessoas entrevistadas.
Pautada há, a luta pela inclusão nos muito tempo sexual e da identidade de gênero censos do IBGE é um dos maiores anseios da comunidade LGBTQIA+. A coleta minuciosa de dados responsáveis pela criação de políticas públicas efetivas para nossa população necessita de uma iniciativa com aporte financeiro e estrutural. Entretanto, há um acolhimento de informações importantes para o avanço da diversidade e igualdade no país.
Em contraponto àércia institucional, que gera possível com as vidas diferentes do padrão cis-hetetonormativo, é observado não o fortalecimento de organizações como a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais) e o GGB (Grupo Gay da Bahia) — que contrariamente à proteção de LGBTQIA+ no Brasil e ao descaso de proteção de dados a comunidade e ao mapeamento de pessoas –, como também segue a proteção de LGBTQIA sobre outras instituições e que lutam.
O movimento de periferia e como lutas insurgentes pelos direitos da população LGBTQIA+ são exemplos de como é possível falar de orgulho de forma coerente. Orgulho de fazer acontecer e de se preocupar com nossas vidas não só em junho, mas em todos os outros meses, materializando a fuga da lógica neoliberal ao colocar a mão na massa e tecer redes de apoio. Sobretudo, acolher, incluir e normalizar corpos marginalizados é burlar, a duras penas, a política de morte que se mantém nas periferias do país.
Thiago Percides Pereira
Graduando em direito, cria de Duque de Caxias e colaborador do PerifaConnection
Rahzel Alec da Silva
Estudante de Relações Públicas e colaborador do PerifaConnection
PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, é feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento. Texto originalmente escrito para Folha de S. Paulo