“Honro minha cor. Nunca precisei mexer em nada de ninguém”, diz Sandra Silva, acusada de roubo injustamente na Casa & Vídeo

Diante do constrangimento, nenhum gerente entrou em contato com a vítima; Sandra afirma que irá lutar para ter acesso a justiça
Foto: Reprodução

Sandra Silva, de 52 anos, segue marcada pela dor do racismo. Na última terça feira (7), ela foi acusada injustamente de roubo na loja Casa & Vídeo de Copacabana. Para provar sua inocência, Sandra jogou todos os seus pertences no chão. Um vídeo publicado pelo Voz das Comunidades mostra a reação de Sandra logo após o constrangimento. Dias depois, ela afirma que aquela imagem não sai de sua cabeça.

“Eu nunca passei esse constrangimento. Chorei muito. Estou passando por um momento difícil pela perda do meu esposo há dois meses. 2024 não foi um ano fácil. E eu nunca fui abordada dessa forma. Sou cliente dessa loja há anos. Sempre entrei, sempre comprei. Simplesmente aconteceu o que eu não esperava: ser acusada de algo que não cometi. Aquilo ali me abalou muito. A dor é muito grande. Só tempo vai aliviar”, desabafa Sandra.

Sandra é moradora da favela do Cantagalo e estava acompanhada de sua irmã no momento da acusação. No vídeo, é possível ouvir o segurança pedindo perdão. No entanto, as pessoas ao redor respondem que não existe desculpas cabíveis para situação. Infelizmente, o que aconteceu com Sandra não é um caso isolado. Ser perseguido por seguranças em shoppings e ser revistado em lojas injustamente é uma realidade da população negra.

Sandra acredita que o constrangimento que passou é fruto do racismo enraizado na sociedade. Mesmo com o apelo, nenhum gerente responsável pela unidade apareceu para falar com ela. O caso foi registrado como constrangimento ilegal e também está sendo investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI).

“Não é porque sou negra que tenho mania de mexer em algo que não me pertence. Você não sabe como a alma de um ser humano fica dolorida com calúnia. A pessoa te acusar como ladrão, sabe? Moro em favela, sou negra, mas tenho caráter. Honro minha cor. Sou uma mulher guerreira, trabalho. Nunca precisei mexer em nada de ninguém. Não aceito injustiça. Vou lutar até o fim”, declara Sandra.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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