A partir desta quarta-feira (17), escolas da rede pública estadual do Rio entram em greve. A informação foi emitida em nota pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE-RJ). Conforme o sindicato, a motivação da greve é a proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo estadual ser abaixo do piso nacional do magistério.
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A nota emitida pelo SEPE-RJ informa que, atualmente, o Rio de Janeiro é o estado que paga o pior salário aos educadores. “Enquanto o piso nacional é de R$ 4.420, o professor de uma escola estadual tem um piso de R$ 1.588 como vencimento base (18 horas semanais).” A nota também informa que funcionários das instituições, como serventes e inspetores, recebem um piso menor que o salário mínimo (R$ 802). Confira a nota do SEPE-RJ na íntegra aqui.
Greve pegou alunos de surpresa
Cintia Melo, 42 anos, é assistente de vendas e mãe de Beatriz Melo, 15 anos, que está matriculada na rede estadual de Ensino, no Colégio Estadual Heitor Lira. Beatriz entra no colégio às 7 da manhã e estuda no horário integral. Nesta quarta-feira (17), a estudante encontrou apenas uma aula marcada marcada para às 9h. Conforme Cintia, somente um professor não aderiu à greve.
Cintia e Beatriz moram no loteamento da Nova Brasília e para chegar no Colégio Estadual Heitor Lira, que fica na Penha, a Beatriz precisa pegar dois ônibus. Sendo a aula de 50 minutos, Beatriz leva mais tempo se deslocando até a escola do que assistindo à aula. A mãe se preocupa com o futuro da greve. “Meu receio é que isso tudo venha prejudicar de alguma forma ela mais lá na frente. Vão querer correr com conteúdos e vão aplicar de qualquer jeito. E isso vai afetando a minha filha e milhares de estudantes e eles não tem culpa sobre nada disso. Lamentável o que estamos vivendo, nossos governantes não estão interessados.”, relata.
A greve dos educadores, segundo as autoridades
A Secretaria Estadual de Educação emitiu uma nota sobre a greve dos educadores da rede pública de ensino. O governo diz que respeita a decisão de greve dos profissionais e que caberá aos órgãos de justiça verificar sua legalidade.
Na nota, a Secretaria de Estado de Educação enfatiza que o aumento concedido pelo governo é o pagamento do piso nacional para todos os cargos e níveis do magistério que não recebem o valor correspondente ao piso nacional para 40h. A nota fala que essa era uma reivindicação antiga da categoria e ressalta que piso nacional não era pago desde 2015.
A nota também fala que a medida terá um impacto significativo para quase metade do funcionalismo. O governo defende que um professor docente II que cumpre 22h semanais, terá reajuste de 116%, passando de R$ 1.125,55 para R$2.431,30. No caso de um professor Doc II, que cumpre 40h, o salário terá um ajuste de 96%, passando de R$2.251,11 para R$ 4.420,00. O Estado alega que “desta forma, nenhum professor da rede estadual de ensino ganhará menos do que o piso nacional.” A nota encerra justificando que não há disponibilidade orçamentária e financeira para aplicação dos salários no momento, alegando que o Estado do Rio de Janeiro está em regime de recuperação orçamentária.