Grande Mestre Biquinho: conheça o capoeirista que há três décadas muda vidas com projeto comunitário

Com mais de 50 anos de estrada, Bem-vindo dos Santos cultiva suas raízes e promove resistência através da capoeira
Foto: Josiane Santana

No coração do Complexo do Alemão, um homem mantém viva uma tradição que atravessa séculos de história brasileira. “Meu nome é Adenilson Bem-vindo dos Santos, mais conhecido por Mestre Biquinho. Tenho 68 anos e mais de 50 anos de Capoeira”. Ditas com orgulho, essas palavras revelam o início da caminhada do mestre Biquinho na capoeira.

Ele carrega no peito a corda branca, o cordel de mestre, símbolo de sua experiência e liderança. Adenilson Bem-vindo começou sua jornada em 1972, quando se interessou pela capoeira ao ouvir sobre as proezas dos capoeiristas da época. “Eu entrei na capoeira sem saber o que era capoeira”, relembra. Desde então, a prática se tornou não só sua paixão, mas uma missão de vida. Formado pelo Mestre Touro, na Penha, ele decidiu seguir os ensinamentos recebidos passando-os adiante.

Alunos em plena atividade na roda de capoeira, aprendendo os movimentos e a disciplina da arte. Foto: Josiane Santana

A capoeira, reconhecida mundialmente como símbolo da cultura brasileira, é mais do que um jogo. Suas raízes africanas contam histórias de resistência e liberdade, transmitidas de geração em geração. Para os alunos de Mestre Biquinho, a prática é uma ponte entre o passado e o presente, oferecendo um espaço de aprendiza do e crescimento pessoal. Mel Fernandes, 34 anos, iniciou ainda criança na capoeira e
segue atualmente com os dois filhos e o marido. “…meu mestre não tem como abandonar. É um homem muito disciplinado, fez parte da minha criação… é um homem muito preocupado com os alunos. Nós somos filhos dele e agora, tem os netos”, declara ela seu respeito e amor por mestre Biquinho.

O grupo Filhos da Corda Bamba, fundado em 1988 pelo Mestre Biquinho, é um exemplo vivo do impacto positivo que a capoeira pode ter na comu idade. Ele oferece a crianças, jovens e adultos uma oportunidade para aprender disciplina, respeito e dedicação através da cultura da capoeira. “Aqui, teve gente que não caiu no caminho errado por causa da capoeira… Eu sou um disciplinador. Muitas pessoas botam as crianças na capoeira pela ques tão da disciplina e eu sempre fui muito rígido”, reforça mestre Biquinho sobre os pilares para o sucesso de seus alunos.

 Mestre Biquinho recebe alunos de todas as idades, mostrando que a prática é inclusiva e transformadora. Foto: Josiane Santana

“É um homem muito preocupado com os alunos. Nós somos filhos dele e agora tem os netos”, aluna Mel Fernandes. Sobre a capoeira como patri mônio cultural, Adenilson diz: “A capoeira em si já é uma cultura. A importância está em participar dela e reconhecer o seu valor”.

Mesmo após três décadas ensinando as complexidades e belezas dessa arte-luta, mestre Biquinho continua a se dedicar e acreditar no poder transformador da capoeira. A história de Mestre Biquinho é prova de como a Cultura e a Educação são poderosas ferramentas de transformação social. As aulas acontecem terças e quintas, às 18:30h. Na Escola Municipal Afonso Várzea, Complexo do Alemão.

Nós somos filhos dele e agora, tem os netos” Foto: Josiane Santana

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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