Foto: Patrick Mendes / Frente Maré
Gizele Martins, de 34 anos, é uma comunicadora comunitária e cria da Maré, além de ser atuante no movimento de favelas e direitos humanos. Jornalista e Mestre em Educação, Cultura, Comunicação e Periferias Urbanas, já fez parte do jornal O Cidadão, um periódico online da comunidade da Zona Norte do Rio. Atualmente, faz parte da Frente de Mobilização da Maré, um coletivo de comunicadores populares que nasceu para ser uma das ações de combate aos impactos do coronavírus na favela. Por causa de sua atuação, já teve oportunidade de conhecer favelas do Brasil e do mundo.
Há 20 anos na luta contra um mal, que perdura desde a origem da primeira favela do país, a ausência do poder público, hoje está na linha de frente para minimizar os impactos da Covid-19 no local onde mora. Com carros de som, faixas, panfletos no comércio local, cartazes, sites, boletim, em uma ação conjunta com outros comunicadores, a Frente Maré busca alternativas de comunicação para alcançar o maior número de moradores com informações sobre a pandemia.
“A gente entendeu que a mídia convencional não dava conta da nossa realidade, em que não é possível fazer isolamento social, pessoas não tem água para lavar as mãos contra o vírus e, por isso, estamos nos mobilizando” explica a ativista.
Além disso, a já conhecida ausência do poder público nas comunidades, segundo ela, traz mais impactos da Covid-19 ao território. “São 120 anos de favela e é todo esse tempo com a ausência do Estado.” A realidade de confrontos diários é uma queixa da moradora. “A população vem sobrevivendo e o Estado só vem à base de tiro, o que atrapalha, inclusive, as distribuições de cesta básicas”, ressalta. A Frente Maré faz mais de 3 mil entregas de cestas básicas, além de produtos de higiene e álcool gel por mês, desde o início da pandemia.
Questionada sobre os desafios acerca da luta contra o coronavírus na favela, ela diz que a falta de apoio financeiro, como visto em outras comunidades, é o principal problema. “Não temos recursos e tudo o que temos vem de vaquinha online, de parceria com instituições de direitos humanos e outros coletivos, porque o Estado não nos coloca de maneira prioritária.”