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Filhos homenageiam pai, vítima da Covid-19, durante vacinação na CF Zilda Arns, no Alemão

Músico, Wendel Cruz faleceu antes que pudesse receber a primeira dose da vacina contra o coronavírus
Foto: Matheus Guimarães / Voz das Comunidades

Um ato de amor feito por uma família chamou a atenção dos pacientes e profissionais da saúde da Clínica da Família Zilda Arns, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Dois meninos decidiram durante a vacinação infantil homenagear o pai, que faleceu em 2021, por complicações causadas pela Covid-19, poucos dias antes de receber a primeira dose de imunização. 

Pagodeiro, Wendel Cruz, de 37 anos, morreu no dia 22 de novembro, após uma longa luta contra o coronavírus. Ele ficou pouco mais de 4 meses internado. O músico não conseguiu tomar nenhuma das doses da vacina, por não ter chegado naquele momento a sua faixa etária no cronograma de vacinação. 

Luta contra a Covid-19

“Ele fez o teste de Covid-19 e, três dias depois, acordou muito mal e foi para o hospital. Chegando lá ele estava saturando muito pouco e foi internado. Poucos dias depois, foi entubado e, a partir daí, começou a luta dele”, contou Natália Wanderley, esposa de Wendel.  

Natália, além da batalha enfrentada com o companheiro, dividiu-se também no enfrentamento do coronavírus. Atualmente, aos 29 anos, atua como técnica de enfermagem na CF Zilda Arns. Ela relata que o companheiro passou por inúmeros procedimentos médicos, em razão das diversas sequelas que se deram pela doença.   

Natália fala como a vacinação simbolizou um novo ciclo na vida família, honrando a memória de Wendel.
Foto: Matheus Guimarães / Voz das Comunidades

Uma das maiores dores para a família foi ter acontecido tudo isso, poucos dias antes do início do ciclo de imunização  de Wendel chegar. Natália fala sobre a falta de sensibilidade das pessoas que optam por não se vacinarem. “A vacinação é importante. Porque ele não teve essa chance de se vacinar. Sempre contávamos as horas para esse dia chegar. Vacinei todos da minha família e ele não deu tempo. E as pessoas estão brincando por aí. Esse vírus mata”, desabafou a profissional.

Um legado de esperança

Dando sequência ao legado que o pai deixou, Lucas Zózimo, de 10, e Nicolas Zózimo, de 7 anos, foram até o posto para iniciarem a sua primeira etapa do ciclo vacinal. Os irmãos viveram 6 dias de muita expectativa, por conta da paralisação da imunização infantil na cidade do Rio por falta de insumos necessários. Mas, finalmente, o momento cegou. Mais velho da dupla, Lucas falou sobre o momento.

“Foi legal tomar a vacina, principalmente pelo papai. Foi por mim e por ele (sobre a homenagem ao pai). Se eu pudesse, diria que amo ele e com certeza daria um abraço nele e depois íamos andar de skate na rua como fazíamos”, contou emocionado.  

Mesmo com a alegria de tomar a primeira dose da vacina, o sentimento de saudade foi presente em todos momentos, emocionando a equipe médica no local.
Foto: Matheus Guimarães / Voz das Comunidades

O Brasil encerrou o ano de 2021 com cerca de 412.880 mortes registradas pela Covid-19. Desde o início da pandemia, o país soma 619.056 óbitos causados pela doença. Os registros de 2021 superam os de 2020, quando o total de óbitos foi de 194.949 pessoas. Muito mais do que números sobre o coronavírus, estes dados registrados representam vidas que se foram e famílias que se desfizeram por conta dessas mortes.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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